Vivem
me lembrando
E
não me deixam esquecer
Sobre
meu envelhecer
Será
que já estou esquecidiço?
Será
por isso
Que
sempre me lembram disso?
Você
também passa por isso?
Você
também fica irritadiço?
Será que é um privilégio só seu?
Será que é um vitupério só meu?
Viver
com as minhas cãs
Não
chega a ser uma vida de cão
Não é por nada não
Mas de grão em grão
A galinha enche o saco
Este
provérbio velhaco
Pode
não se aplicar ao caso
Mas
que irrita
Ah,
isso me intriga
Essa
vai ser a tal
Da
minha melhor idade?
A pior está por vir
Ou já veio e eu nem a vivi?
Essa
é a famigerada
Da
idade danada
Que
a gente esquece de tudo
E
não se importa com nada?
Essa
é a época da vida
Que
o idoso tem assento reservado
Mas
que o tal assento tá sempre ocupado?
Hein? Fala mais alto
Meu ouvido está tapado
E eu já estou ficando indignado
Por
falar em teimosos
Que
os jovens continuem vigorosos
Pois
os anos estão ansiosos
Pra
nos deixar todos idosos
Mas têm uns com muita energia
Que se aproveitam demais da vida
Aí a vida se aproveita deles
Estes
(se) acabam velhos
Enquanto
são jovens
Estes perdem a vida
Querendo ganhar o mundo
Querem
aproveitar de tudo e de todos
Querem
beijar todas as bocas
Querem
chutar todas as bolas
Querem
viajar todas as viagens
Querem
beber todas as cachaças
Querem
embalar todas as baladas
Mas
antes da velhice dar as caras
Podem
amanhecer nas calçadas
Aí tudo termina em bagaço
Antes de se curtir o suco
Cuidado:
A
pressa é inimiga
Da
boa vida
Na
verdade
Eu
devo parar de rabugentar
E
começar a agradecer
Àqueles
que não me deixam esquecer
Sobre
o meu envelhecer
Eu tenho que aproveitar
E descansar de minhas lutas
E curtir minhas rugas
Que
experiência única!
Afinal
de contas
No
final das pontas
Só
se envelhece uma vez
Pra
nunca mais
Novembro
2015
Só se envelhece uma vez
Pra nunca mais
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