domingo, 1 de julho de 2012

Trabalho brilhante

Cadeira de madeira é alta.
Quem senta ali olha pra baixo.
  Quem está lá embaixo,
  Senta na caixa,
  Cabeça erguida,
  Olha pra cima, trabalha e sorri.
Chama a todos com educação.
  É ‘doutô’, madame ou patrão.

‘Vai graxa hoje?’
No centro de São Paulo,
Em frente à Bolsa,
No Largo do Café,
Na Paulista ou no Sumaré.
  Eles se espalham pelas praças,
  Restaurantes ou padarias.
Sempre os procuramos,
E os encontramos.

Quando ele bate na caixa,
É só mudar o pé.
  Leia o jornal,
  E tome um café.
Parece sapato do Fred Astaire.

Cor da graxa impregna,
Fica no pano e nos dedos.
  Mas o brilho,
  Fica apenas no sapato,
  E permanece no escuro,
  Bem no fundo dos olhos.

O dono do sapato,
Olha e fica grato,
Pelo trabalho realizado.
  Mas lá embaixo,
  Somente o engraxate,
  Consegue ver satisfeito,
  O reflexo de seu rosto,
  No trabalho realizado.
                                Julho 2012

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