Fui
e fiz uma entrevista
Se eu fiquei otimista?
Depende
do ponto de vista
Parecia
compra de carro usado
O suposto interessado
Queria depreciar
Queria desvalorizar
Queria subestimar
Aquele veículo antigo
Mas não velho ou destruído
Aquele
veículo rodado
Mas
não ultrapassado ou encostado
Aquele veículo já gasto,
Mas não quebrado ou enferrujado
Ali
estava um genuíno Cleidinei
De
rodovias e highways
De
estradas empoeiradas
De
barros e barrancos
Ali estava uma relíquia ano 64
Limited
edition
de fato
Raridade que não tem no mercado
Produção
feita à mão
Em
bom estado de conservação
O
hodômetro já virou
Girou
e revirou o mundo
Em
quilômetros e milhas
Mas
sempre trabalhando
Nunca
descansando
Mas tenho que confessar
Uma realidade que cansa e dói:
Aí tá mais pra carro de boi
Do que carro de boy
De tanto trabalho que foi!
Mas
é carro bom pra estrada
Nacionais
e internacionais
Carro bom pra terrenos ruins
Não deixa ninguém na mão ou a pé
Modelos
mais novos
Não
aguentam tranco nem solavanco
Motor
quase 5.0
Melhora
enquanto fica mais velho
Econômico quando precisa gastar
Gasta pouco pra ser econômico
Confesso
e não é mentira
Saí
da oficina...
Ou
melhor, da entrevista
Com
as vistas meio caídas
Mas pensei me olhando no retrovisor:
Não estou
à venda nem procuro comprador!
Acelerei
meu motor
No
rádio um Credence ano 72
8000
RPM e nem é turbo
0
a 100 em não sei quantos segundos
Ou
minutos...?
Girei
a manivela e abri os vidros
Pro
vento desmanchar
Cabelos
e ideias afins
E
eu disse pra mim assim:
This is Clei
On the road again!
With no work, no gain
But still running on the highway!
Janeiro 2014
No museu da Mercedes em Stuttgart, Alemanha. Julho/2012 |