Sou
filho de mãe e pai mineiros
De
ambos os lados, de todo jeito
Mineiro de peito cheio
Sou mineiro até o osso do pescoço
Me
levaram para Sampa no forno
Produto
interno caseiro
Parecia
pão de queijo mineiro
64 era ano de quadros ultrapassados
E futuros atrasados
Para um país mal passado
Viajei
chacoalhando
Mãe
e filho se enjoando
Chegamos em Guarulhos
Com expectativas de outro mundo
Mas mal começavam os apuros
Nasci
em casa com parteira
Meu
berço era uma caixa de madeira
Casa de tábua era rústica
Onde começou andar aquele caçula
Que
futuro me aguardava
Enquanto
eu era guardado
Num
engradado amadeirado?
O
lugar era alugado
Chão
de terra batido
Mas
tudo arrumado e limpo
Ali mal acomodava
Aquela família de cinco
Que procurava seu mundo
Naquele fim de mundo
Que
sorte ter nascido pobre
Onde
pai e mãe
Não
conheciam nem outro nem cobre
Que sorte nascer em família
Que só conhecia enxada e arado
E o suor era cor de barro
Então
eu chego a uma conclusão:
Eu sou um mineirano
Sou
mistura de mineiro e paulistano
Puro
só o amor pela origem
Abril 2014