Vou
falar com Deus.
Não
é pra agradecer pelo salário,
Afinal
estou desempregado.
Nem pra pedir um trabalho,
Já que estou todo endividado.
Também
não vou olhar pro alto,
Agradecer
por um gol marcado,
Pelo
meu time no campeonato,
E
pelo choro adversário.
Ó
Deus,
Não
vou Lhe procurar no céu azul,
E
Lhe pedir um sinal verde,
Pras
minhas contas saírem do vermelho,
Só
porque minhas nuvens estão cinzas,
E
a situação tá preta.
Não
vou chorar,
E
pedir rosas sem espinhos.
Eu tenho é que rever meu plantio.
O
que venho fazer não é falar,
Mas
me silenciar,
Até
eu ser ouvido,
E
talvez ser atendido.
Paro de gargalhar,
E venho com um sorriso tímido.
Deixo minha teimosia,
Trago minha alma vazia,
E agradeço pelo meu espírito,
Todo cheio de vida...
Mas
esvazio meu peito por inteiro,
Pra
não me sentir no direito...
Com
temor no falar,
Eu
ouso me aproximar.
Procuro o Senhor lá no céu,
Mas olhando para o chão.
Venho
de cabeça baixa,
Cambaleante
e errante,
Todo
errado e maculado,
Por
um mundo imundo;
Mundo todo mundano,
Que não sabe se eu existo,
Se vivo ou sobrevivo.
Estou
separado do mundo,
Neste
quarto escuro,
Procurando
por sua luz,
Sem
lâmpada nem lamparina,
Numa
madrugada fria.
Meus
lábios podem ser enganosos,
Meus
olhos não mentem,
Mas
estão chorosos.
Por isso trago meu coração,
Em minhas mãos.
É
apenas o que tenho como oferta;
Nada
mais me resta.
Então
confio meu coração ao Senhor,
E
volto pra buscar depois.
Junho
2014
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