Pra todo olho que olho vejo água
Águas salgadas pelas praias
Águas adoçadas nas cachaçarias
Águas entornadas nas cantinas
Águas amargas pela vida
Às vezes eu falo disso e daquilo
Talvez certos assuntos esquisitos
Então alguns me replicam:
Isso é coisa da sua cabeça!
E quando digo que vejo água
Aqui e acolá pelos polos
Novamente me corrigem:
Isso é
coisa de seus olhos!
Então seco os olhos
Baixo a cabeça e concordo
Água nos
olhos
Quero ver
o que você vê...
Dizem que homem não chora
Mas homem que é humano chora
Chora aparecido ou escondido
E às vezes chora igual menino
Quem for homem crescido
Diga que estou mentindo
Haja fronhas e guardanapos
Todos encharcados
De gosto salgado
O sol vai suar pra secar
Tantos prantos nos panos
De gente aos trapos e farrapos
Mas
depois de secos
Os
olhos maquiados
Outrora marejados
Outrora marejados
De
cara limpa vão pra vida
Nunca prontos pra chorar ou pra sorrir
De novo e novamente
Mas
que venha o que for
Pra
causar sorriso ou dor
Os
olhos sorriem e a boca agradece
O
peito se enche contente
E
o coração se bate todo alegre
Nenhum
olho é de ferro nem de aço
Então
guarde um guardanapo
Num
bolso que não esteja furado
Novembro 2014
Água nos olhos
Quero ver o que você vê...
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