segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A morte do volume

Enquanto poucos arranham céus
Muitos deitam no chão

Cidade de tantos muros
E poucos rios
Nervos, corações e armações:
Todos petrificados

A grama cheia de energia
E calçadas frias
São aconchegos de vidas

Bocas de lobo
Gritam de desgosto
E quase engolem todos

Filas infinitas
Tentam disciplinar
A impaciência sem limites

E os céus ficam cinzas
Ora pela poluição
Ora pela situação
Ora pela desilusão
Ore para a solução
Oras
Você não assiste televisão?
Você não lê o estadão?
Você não vê os olhos do cidadão?
Pare de respirar
Pois há algo de impuro no ar

A cidade
Fica seca por uma gota
E quando elas caem
A cidade se enche toda
Cadê a cantoria da Cantareira?
Não adianta aumentar o som
Pois o volume está morto

E as torneiras se calam
E ficam de luto
No fundo, no fundo
Os canos respiram fundo
E esperam por uma luz no fim do túnel
Mas que seja uma luz
Sem conta de consumo
Essa luz vai ser
A solução de tudo
Agosto 2015

E as torneiras se calam
E ficam de luto

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