A
costureira tem em seu ateliê
Coisas
nada démodé
Vestidos
longos e curtos
De
bolinha e florzinha
De
babado e envesado
Todos
ali juntinhos e desunidos
E a artesã mostra orgulhosa
Seu modelo e obra prima
E
suas amigasVaidosas visitas
A-do-ram
e cobiçam aquele modelo
Sonham
e perdem o sono
E
iguais peruas vidradas
Se
veem emolduradas
Naquele
perfeito modelo
E
quem se atenta aos sentimentos
Do
vestido modelo?
Ah, pobre sujeito!
Sente
um aperto danado
Quando
entra em corpos 54
É muito número pra pouco pano
É zíper arroxado e estourado
É botão voando pelos ares
Parece
bala perdida no subúrbio
Que
entra num ouvido
E
sai pelo outro vestido
Ufa, quanto glamour!
Mas
não passa de um frouxo
Quando
o número é pouco
E
o pano se faz demais
Enquanto
isso
Os
outros vestidos
Todos
azuis e vermelhos
Verdes
e roxos de inveja
Eles deveriam
Fazer e viver
E ser igual ao botão
E cuidar de suas casas
Mas
o vestido modelo
Sente
um aperto no coração
E
não aguenta mais pressão
E
nesse sentido
Se
sente despido
E
passa a ser apenas mais um vestido
A
fita métrica pode não ser uma trena
Mas
é justa
E
mede aqui e mede ali
Não
deixa passar nada
Não
passa um centímetro despercebido
Mas
ela sabe dos sentimentos
E
dos medos e receios
Do
vestido modelo
Ser modelo
Não é pra qualquer um
E não é qualquer um
Que pode ser modelo
E
agora ele se desmantela
E
se desmodela
E
é só mais um pedaço de pano
Pendurado
num canto
Ficou aos retalhos
Enquanto
isso
Aquela
matilha de vestidos
Não
são modelos de nada
Como se pendurando num cabide
Se uniram e conseguiram
A derrubada de mais um modelo
Essa
foi mais desastrosa
Do
que roupa que cai de moda
Quanto
desgosto
Por
ter sido deposto
Que isso sirva de modelo
Para não sermos modelados
Isso
é perigoso
E
dá muito pano pra manga
Como
diz um velho alfaiate:
Antes ser um tergal de qualidade
Do que um vestido fino
Mas por dentro
Um forro todo aos remendos
Com conteúdo de farrapos
Aí
nem traça encara
Dezembro
2015
Como se pendurando num cabide |
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