Chuva devia fazer dieta
E cair na medida certa
Mas se algum humano
reclamar
E falar pra ela cair
devagar
A chuva vai responder
sem gotejar:
A culpa é sua,
criatura!
Não quero insinuar nenhum parentesco
Mas prefeitos e bueiros
Perdem o sono o ano inteiro
Quando desce o aguaceiro
Chuva não age antes de avisar
E avisa antes pra gente agir
Quando o céu tá escuro
Em nuvens sisudas e
carrancudas
Pode saber que aí vem
chuva
Aumentam as preocupações
Se tiver raios e trovões
Chuva na cidade
Apesar da modernidade
Ainda tem um glamour
Que lembra champanhe e liquor
Os faróis dos autos
Brilham no asfalto
E o tapete de luzes
Faz a noite dançar na chuva
E a lua ciumenta
Também brilha a sua silhueta
E brinca de brilhar
Até a chuva secar
Até o sol raiar
Até o sol ralhar
Mas o caos do trânsito
É um defeito colateral
É coisa fora do normal
Tira a paciência
Às vezes com violência
E a chuva antes galã
Vira vilã
E lá se vai sua beleza
Nossa dureza
Deturpa a chuva
E ela escoa moribunda
Em qualquer bueiro
poluente
Somos nascidos mal agradecidos
Nem percebemos os benefícios
Nem os presentes recebidos
Que desce do céu
Ou brota da terra
Nem dizemos um obrigado
A Deus por tudo isso nos dado
Merecendo ou
desmerecendo
Chuva e sol são
regalos
Que caem bem no nosso quintal
Quando não cair mais
Então será tarde demais
Talvez um chuvisqueiro
Soará como um
aguaceiro
Junho 2016
Chuva não age antes de avisar
E avisa antes pra gente agir
|