Toda
goteira
Parede
tortura chinesa
Aquele pinga, pinga
Parece bebum no buteco da esquina
Pedindo cachaça na faixa
Cada
gota que cai
Parece
bomba lançada
No
chão lá de casa
O som da goteira
Incomoda os ouvidos
E dói em meu bolso sofrido
Mas
cá com meus encanamentos furados
Até
a goteira tem trabalhado
Enquanto
eu continuo desempregado
À
noite eu sou conta gotas
Preferia
contar carneiros
Em
busca do sono perfeito
Gotas noturnas com insônia
Ivadem a madrugada
O
escuro não é páreo
Para
essas saraivas que vêm do alto
Isso enche o saco
Transbordam baldes
E enchem bacias
Preciso
de um encanador
Ou
um empregador
Pra
tapar vazamentos da vida
Me debruço sobre os classificados
Em muitos dias dedicados
Mas
os anos se passaram
E
minhas goteiras
Continuam
fiéis companheiras
Tô dando nó em pingo d’água
Nessa luta árdua
Nessa
fase da vida
Meu
mundo quase perfeito seria
Canos
sem vazamentos
Chuveiro
quente
Torneiras
sem goteiras
E
registro na carteira
Junho 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário