Que dá até em coração de pobre
Saudade aperta a gente
Espreme até sair um caldo quente
Escorre pelo rosto já marcado
E pinga no chão já outrora molhado
Saudade é igual nó de gravata
Que não desata
E aperta a garganta já apertada
E toda congestionada
Às vezes é bom sentir saudade
É sentimento puro sem maldade
Devolve a gente pro passado
E leva a gente pro presente
Dá saudade na distância
Tão longe quanto a infância
Dá saudade quando se está perto
Mesmo assim dá um aperto
Há um comentário da antiguidade
Talvez num diário pra posteridade
Falaram que saudade não tem idade
Eu concordo meio desconfiado
Saudade da poltrona vazia
De quem sentava lá e sorria
Sentava lá e contava causos
E não pedia aplausos
Saudade da neve branca
Branca de Naves
De quando aprendemos a verdade
Saudade do bolinho frito
Do feijão cozido
Do ombro amigo
Daquele sorriso
Do conselho dito
Daquele casal querido
Daquele vestido comprido
Do terno fino
Do vinho tinto
De um passado longínquo
De um presente vizinho
Do ano de 85
E depois
De quando éramos cinco
Saudade de tempos atrás
Que não volta mais
Mas que no futuro será revivido
Num novo mundo prometido
Junho 2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário