Às vezes ela tranca e nada passa,
Nem desce, nem sobe,
Nem vai, nem fica,
E tudo fica ruim,
Neste vai-não-vai,
Neste vem-não-vem.
Basta um olhar,
Que o cadeado fecha,
E as comportas dos olhos,
Se abrem e as lágrimas,
Se abrem e as lágrimas,
Brotam e descem,
Como um aguaceiro de verão.
Como um aguaceiro de verão.
Basta uma palavra,
Ou uma música guardada,
Que tudo trava,
E não se ouve mais nada.
Basta uma recordação,
Mais antiga que uma lembrança,
Mais recente que um suspiro,
Mais recente que um suspiro,
Que a tranca funciona,
E o 'filme' novo ou antigo,
Preto e branco ou colorido,
Vem à tona igual um estampido.
Basta uma imagem,
Que te leva pra uma viagem,
Do tempo do branco e preto,
Da época do vinil,
Que te trazem imagens mil,
E a tua garganta vira um funil.
Vontade de fugir,
E mandar tudo,
Pra qualquer lugar,
Que ninguém nunca viu!
Ah, pobre do coração!
É o zelador de tudo isso.
Como ajeitar isso tudo?
Coração e cérebro,
Tem de descobrir,
O segredo pra destravar,
A rodovia da garganta.
Isso causa quilômetros,
De congestionamentos,
De engarrafamentos,
Em todos os membros.
E o corpo sofre...
Haja xaropes e gargarejos,
Pra acalmar a sofrida garganta.
Quando tudo acalma,
Até aquelas irritadinhas,
E vermelhinhas amídalas,
Se acalmam e soltam a voz,
Pra chorar ou pra falar.
Aí as vias se liberam,
E se libertam...
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