Às margens
plácidas,
Corre um
rio pálido,
Fugindo da
realidade,
Abatido e
apático.
Já correu vigoroso,
Em priscas
eras.
Hoje ele rasteja,
Pelo leito maculado,
Por entre pedras.
Parece um
senhor aposentado,
Cheio de
vigor,
Mas triste
e encostado.
Em seu
leito dormem,
Coisas sem
vida,
E coisas
com pouca vida.
Em suas margens,
Boiam pneus e sonhos paulistanos.
Em sua
nascente tem vida,
E sua
morrente sem vida.
Isso é
crime hediondo,
Com dever
ao cárcere,
Sem
direito a banho de sol,
Nem copo
com água.
Eu nunca
vi foguete na NASA,
Eu nunca
tive caviar em casa,
Eu nunca
vi o Tietê,
Limpo em
sua beirada.
Ouviram do
Tietê às suas margens?
Era o grito do rio,
Respirando moribundo,
Sem ajuda de aparelho$.
Pra que
verba pra lixo?
Que verbo mal cheiroso,
Mal conjugado e mal deputado.
Que rio
marginal em fase terminal.
Pobre rio marginalizado,
Adornado pelas vias,
Que vão e que vem.
Sem
respirar fundo,
Balançam a
cabeça em reprovo.
E todo aquele povo,
Vem e vai,
E depositam seus excessos.
Fetos, dejetos, desafetos.
Carga e descarga.
Pura realidade
com conteúdo impuro.
Todo impróprio
pra banho e pra sonho.
Ó Deus,
Olhe pelo
meu Tietê,
Salve,
salve.
Agosto 2013
![]() |
O Rio Tietê nasce belo em Salesópolis - SP e vai morrendo aos poucos em poucos quilômetros. |
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