A
alma chora e sai um caldo.
Suco grosso e viscoso,
Gosto insosso.
A
gente vira um fruto,
Se
espreme tanto até sair o suco.
Depois a gente parece bagaço bruto.
Se
sente destruído, espremido e encolhido,
Recolhido
e escondido.
Os
olhos é que servem o suco,
Sem
copo, sem gelo, sem canudo.
Suco da alma tem sabor amargo,
Não adoça nem com açúcar mascavo.
Haja
lenço para secar,
O
que não pode ser seco.
Mais fácil é secar gelo!
Mas
a gente é guerreiro,
Cai
e levanta o ano inteiro.
A gente não fica amargurado,
Pelo suco escorrido e derramado.
Da
garapa moída, novamente o verde da cana.
Que
venham nossos inimigos,
Que
venham novos desafios.
A gente vai se sentir oprimido,
Comprimido e espremido,
Deprimido e quase desistindo,
Mas nunca vencido.
Mesmo
secando olhos encharcados,
A
gente continua em passos largos.
Talvez tímidos ou decididos,
Mas de astral pra cima,
Pra suportar tantas esquinas.
Cada
gota de suco da alma,
Fica
guardada e armazenada,
Rotulada
e engarrafada,
Numa
prateleira no céu.
Está
cuidada pelo Criador do mundo,
Pelo
Dono de tudo.
Maio 2014
Os olhos é que servem o suco,
Sem copo, sem gelo, sem canudo.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário