Andando na Avenida Paulista em 03 de outubro de 2014.
______________________________________________________
E na Avenida Paulista
Um solitário clarinete solista
Solta algumas notas represadas
Notas que bailam e flutuam
No meio do ar e poluição
Mas elas não se misturam
Pois apenas um é puro
O músico fica sentado
A partitura se mantém em pé
E no chão sonhos e cifras
Notas e moedas ficam caídas
E nós transeuntes
Em meio a transtornos e tragédias
Estamos cheios de tudo e de trânsito
Quase transbordando de traumas
Nós escutamos, mas não ouvimos
O clamor do clarinete
Vivemos em total torpor
Na São Paulo cheia de rancor
Não! Estamos decididos!
Não queremos gastar os ouvidos
Nem ocupar nossos tímpanos
Com músicos solitários
E os olhos do tocador
Se fecham enquanto sua música
Pede espaço no trânsito da avenida
Como somos injustos com o músico
Não lhe damos nem um centavo
De tempo nem de nada
Mas para o verdadeiro músico
O show não pode parar
Por isso ele não para de tocar
Na calçada da Avenida Paulista
Ou num bairro da periferia