quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Saco!

Já era noite,
O escuro já estava no ar,
E eu vi algo branco,
Voando e flutuando.
Aquilo tentava passar despercebido,
Mais parecido a um cão perdido.

Que saco!
E era de plástico,
Acho que de mercado,
Talvez até furado,
Mas era um saco!
E seu flutuar era mágico,
Quase sádico, todo anárquico,
E eu apático dentro do carro.

Que péssimo contraste,
Da noite escura toda pura,
Com aquele branco sujo,
Sugismundo igual ao dono,
Daquele saco sujo.

E o vento continuava a soprar,
Aquele lixo a bailar.
Parecia bailarina de botina!
Mas não adiantava ventar,
E tentar levar aquela leveza.
Aquele peso para a natureza,
Ia continuar a flutuar,
Dançar até repousar,
Em sua casa ou em meu lar,
Na minha rua ou em nosso mar.

Quiçá todo lixo fosse fiel e saudosista,
Pudesse retornar à sua família,
Voltar para o aconchego de seu dono,
Igual cachorro após o abandono.
Outubro 2014



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