A estrada parece amiga de todos
Nos permite de tudo
E nem pergunta quem somos
Que dama charmosa
De curvas perigosas e sinuosas
Ela envolve os mais ávidos
Pra não devolver suas vidas
Eles vivem passando dos limites
E morrem jovens
Talvez aos 80, 100 ou 120
Que presa cheia de pressa
Tão fácil de pegar
A estrada se adorna e se pinta
Pinturas e tinturas
Com marcas chamativas
Que cativa suas vítimas automotivas
Eles se deixam e tonteiam
Em suas curvas de serpentes
A estrada tem canto
E encanto de sereia
Na hora do beijo
Tudo vai pro brejo
A queda é grande
Do tamanho dum desfiladeiro
Naquele momento derradeiro
Ela olha pra baixo
E sorri por um momento
Na beirada de seu acostamento
E seu sorriso de vitória
Tem cheiro de borracha
E som de pneu careca
Ela chamou pra bailar
E só ele rodopiou e dançou
Mas na estrada nada para
E tudo continua
Ela volta a desnudar suas curvas
Para o próximo animal
Que se gaba e se enfuna:
Seria um lobo da estrada
Ou um coiote do asfalto?
E a estrada vai ao encalço
De mais um asno volante.
Outubro
2014
Que dama charmosa
De curvas perigosas e sinuosas
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário