sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Palavras cruzadas

Palavras letradas
Palavras erradas
Palavras sem consoantes
Palavras que soam como antes

Palavra igual lança
Palavra que acalma e amansa
Palavra com aroma de rosa
Palavra boa de prosa

Palavras presas na garganta
Palavras na língua solta
Palavras na emoção do coração
Palavras na cabeça, cheias de razão

Palavras soltas ao vento
Palavras soltas sem pesar
Palavras que não deveriam ser soltas jamais
Palavras iguais folhas, vão e não voltam mais

Palavras cegas, quando vê já falou
Palavras mudas, não dizem nada
Palavras que dizem muito, sem palavras
Palavras que marretam e destroem
Palavras que alicerçam e constroem

A boca solta palavras
Palavras iguais colunas na vertical
Palavras iguais paisagens na horizontal
Procuram igualdade numa letra
Então viram palavras cruzadas
Vem e vão
E dão vida ou morte
Pra quem vai e pra quem vem

Na dúvida ou na incerteza
Deixe a palavra presa
Engula e deixe-a na clausura
Vai ficar um nó
Mas não tenha dó
Melhor refiná-la no ventre
Do que vomitá-la na frente
De tudo e de todos...

Senão, caro leitor
Nem apronte os tímpanos
Pois palavrões serão ouvidos
                                            Dezembro 2014



Nenhum comentário:

Postar um comentário