Aquele
poste sempre esteve lá
Sentinela
e esguio
Ostentando
seus fios
Suportando
apagões
E
dando luz aos milhões
Aquela
árvore sempre esteve ali
Frondosa
e arboriosa
Enfrentando
ventos assim
E
serras afins
Aquele
rio sempre correu pelo bairro
Ô
riacho!
Corria,
serpenteava e se esguiava
De
pneus que deviam estar na estrada
Aquele
muro sempre esteve ali
Quanto
reboco, muito tijolo
Quantos
pichos, quantos avisos
Quanta separação, quanta divisão
Quanta separação, quanta divisão
Apesar
do bom trabalho por anos
Seu
futuro será aos escombros
Aquele
passarinho sempre esteve ali
Empoleirado
atrás das grades
Sem
pena foi sentenciado
A
viver calado
E
morrer enjaulado
A
mãe sempre esteve lá
Cozinhando
e lavando
Falando
e perturbando
Tomara
que ela vá ficando
Até
não-sei-quando
Aquela
dor sempre esteve ali
Incomodando
e me encarando
Me
lembrando e me ensinando
Que
eu não passo de um ser humano
Outubro 2015