quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Calçado e sem chinelos

Meu filho quer jogar futebol
Mas eu não dou bola

A chuva bate na janela
Mas eu prefiro o chuveiro
No box do banheiro

A lua me espera lá fora
Mas eu fico dentro do edredom
O sol convida para o frescor de seus raios
E eu suando no ar condicionado

O mar e a areia me gritam
Os chinelos correm e me procuram
Mas os sapatos não largam de meu pé
Sai chulé!

A bermuda me chama pras férias
Mas as calças me pegam pelas pernas
O bronzeado se oferece
E a minha brancura fica à flor da pele

O vento tenta soprar meus cabelos
E mandar pra bem longe meus lamentos
Ele apenas ouviu meus apelos
Mas agora não tem jeito
E eu ajeito um baita nó da garganta:
Gravata e camisa passada
Estou pronto pra reunião no escritório
Às vezes parece velório

A rede se balança na varanda
Pra lá e pra cá a bailar
E tenta me seduzir naquele dançar
Mas eu resisto e insisto
Na rotina da vida em que vivo

O tempo todo eu fico sobrevivendo
E para outras coisas eu não tenho tempo...
Viver por exemplo
Outubro 2015



O tempo todo eu fico sobrevivendo
E para outras coisas eu não tenho tempo...
Viver por exemplo

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