segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Sempre ali

Aquele poste sempre esteve lá
Sentinela e esguio
Ostentando seus fios
Suportando apagões
E dando luz aos milhões

Aquela árvore sempre esteve ali
Frondosa e arboriosa
Enfrentando ventos assim
E serras afins

Aquele rio sempre correu pelo bairro
Ô riacho!
Corria, serpenteava e se esguiava
De pneus que deviam estar na estrada

Aquele muro sempre esteve ali
Quanto reboco, muito tijolo
Quantos pichos, quantos avisos
Quanta separação, quanta divisão
Apesar do bom trabalho por anos
Seu futuro será aos escombros

Aquele passarinho sempre esteve ali
Empoleirado atrás das grades
Sem pena foi sentenciado
A viver calado
E morrer enjaulado

A mãe sempre esteve lá
Cozinhando e lavando
Falando e perturbando
Tomara que ela vá ficando
Até não-sei-quando

Aquela dor sempre esteve ali
Incomodando e me encarando
Me lembrando e me ensinando
Que eu não passo de um ser humano
Outubro 2015




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