0:00
Ninguém
vai lá fora
Perguntar
pra cigarra
Porque
ela cantarola
Dizem
que ela profetiza
Anunciando
a chuva e sua justiça
Reclamam
que não é cantoria
E
nem melodia
Mas
que é só gritaria
A
gente olha pro nada
E
vê um breu
A
cor de fundo
É
escuro profundo
1:30
Eu
ouço e acho um canto triste
Na
escuridão da noite
Os
animais não reclamam
Ouvem
e nada falam
Mesmo
se falassem
Nada
diriam
Quanto
respeito
Pelo
sofrer alheio
2:45
A
madrugada passa
Enquanto
a noite avança
E
a cigarra não se cansa
Ela
canta e ninguém dança
Ela
não toca viola nem gaita
Não
baila nem usa saia
Apenas
fica só
E
canta de fazer dó
Ou
ré, ou mi, ou sol
Mas
a noite é da Lua
E
a rua fica toda sua
Pra
cantar com ou sem luar
A
cigarra não quer lutar
É
só cantar
Como
que riscando o ar
Igual
quadro negro escolar
A
mata emite mais sons
Grilos
não se omitem
Sapos
não finguem
Gatos
não se decidem
E
em cima do muro permanecem
Morcegos
se escondem
Atrás
de suas capas
E
a cigarra alienada
Canta
enquanto tudo passa
A
floresta não é acústica
Mas
a sua coreografia
É
estática e rústica
4:00
A
hora voa
E
ela não fica rouca
E
canta feito louca
Parece
que vai estourar
De
tanto cantar
De
tanto esperar
Quem
vai elogiar?
Não
sei porque
Mas
ela canta e não cobra cachê
Não
seria muito
Só
pra cobrir os custos
4:25
Quer
uma dica
De
quem lhe admira?
Chame
um louva-a-Deus
Aprenda
a orar
E
resolva o que lhe incomodar
6:00
Amanheceu
e ela vai se calar
Mas
vai deixar no ar
Algo
a lhe entregar:
Seu
amor não veio lhe ver
Eu
desconfiei disso
Que
havia um motivo
Agora
ela vai viver o dia
Pra
cantar à noite
Sinto
por você
Dona
cigarra
Que
se veste de gala
Não
se irrite
Mas
vou lhe confessar
Amiga
minha
Mas
a dona formiga
Se
ri de sua angústia
Bom
dia pra você
A
gente se vê ao anoitecer
Dezembro
2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário