quinta-feira, 6 de junho de 2013

Meu querido preterido preferido

Eu perdi meu trabalho, fui mandado embora. Isto é fato e ponto! Eu espero e desejo que o leitor 'viaje' com o texto abaixo. A minha intenção pode ser qualquer coisa com os devaneios do leitor (isso eu não posso controlar e nem gostaria de ter tal poder), mas gostaria de deixar claro (e bem esclarecido) que não quero atingir de forma negativa meu antigo empregador, o qual me aturou por longos meses e dias... e agradeço, portanto. O texto abaixo é dramático e ao mesmo tempo sarcástico referente à situação de um desempregado, antes paulistano mas agora "blumenauano".
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Dancei todo afoito.
Foi um verdadeiro,
Samba do crioulo doido.
Naquela mesa redonda,
Naquele calabouço medieval,
Me senti um miserável,
Me senti deste tamanho,
Menor do que um pedaço de ranho.

Ano passado foi um prelúdio,
Deste atual absurdo.

Fui preterido,
E chamado de querido(?).
A marca da bota,
Está em meus fundos.
Isso é tatuagem em meu corpo,
Marcada a ‘ferro’ e ‘fogo’;
 Vou carregá-la em meu dorso.

Fundo de garantia,
Não me garante muitos fundos.
Tomei um pé na minha 'funda';
Pra compensar a angústia,
Vou tomar uma cerveja escura,
Vou tomar uma Caracú...
(A 'escura' foi só pra ficar rimando,
E não passar em branco).

Mas pra falar a mentira verdadeira,
Eu não tô,
Pra ficar rimando qualquer besteira.
Eu tô desempregado,
Ferrado e muito danado.
Todo lascado e endividado,
Em muitos dígitos,
Algarismos e algoritmos.

Eu tenho que me manter de pé;
Mas onde e como se perdi meu chão?

Minha cara vai ficar desbarbeada;
Vou pro bar e beber Velho Barreiro.
Meu barbeiro,
Vai perder os cabelos.
Ó Rapunzel! Tú vais parecer careca,
Perto de minhas madeixas!

E na entrevista,
Farei cara de otimista.
E as preocupações e desesperos,
Minhas ansiedades e medos,
Que fazem bocas e caras?
Todas ficam na sala de espera,
Juntas com minhas outras máscaras.

Ali, naquela sala de torturas,
RH ou departamento de gente,
Arreganho todos os meus dentes;
Eu me mostro destemido e valente,...
Um perfeito toreador de pressões,
Só pra agradar os patrões!
Meu negócio é sair dali,
Com carteira assinada e carimbada.

E assim,
Todo desempregado desesperado,
Se acaba um pouco a cada dia;
Toda noite e dia após outro dia.
 O desafio é ficar inteiro,
 Até achar o próximo emprego...
Junho 2013


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