segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Minas Geraldo

Parece que Geraldo,
Rima com baixo.
Mas o meu tio Geraldo,
Era mais ou menos alto.

Ele era matutão da roça.
Deixou o mato de Minas,
E caiu de paraquedas,
Na São Paulo de pedras.

O bigodinho minúsculo,
Quase não era visto,
Em cima do lábio fino.

Ele era quieto e falava pouco,
Mas tinha algumas histórias,
E causos de caboclo.

Meu pai era o Zé Naves,
E ele e o tio Geraldo,
Os dois bebendo café,
Desenterravam o baú,
E saiam histórias de cobras e tatus.
Até onça pintava,
Mas algumas histórias eu desconfiava!

A tia Dita,
Acho que sempre foi enrrugadinha.
Ela era minha tia,
Mas eu a tratava como minha vozinha.
Ela usava vestido de florzinha,
E o avental protegia seu ventre.
Para minha alegria,
Ela sempre estava na cozinha.

Tião, Furtuoso e Maria,
Flávia, Pedro e Salvador,
São os filhos e filhas do tio e da tia.
Que saudade daquela gente querida!

O endereço deles eu já sabia.
Ficava na Vila Cisper,
Avenida Cangaíba.
Era periferia da capital paulista.

Então eu olhava pro alto,
E dizia baixinho pra minha mãe:
Quero tomar café da dia Dita.
A boquinha enrrugadinha da tia,
Se abria e sorria.
Eu bebia o café,
E comia bolo que ela fazia.

Os anos 80 mal começaram,
E os anos do tio Geraldo,
E da vozinha tia Dita,
Com o tempo ficaram pesados.
Um fechou os olhos e se foi,
E poucos meses depois,
O outro também se foi.
Eles voltaram a ser dois,
Na memória do criador,
Nosso Deus, nosso senhor.

Como era bom ser criança.
Eu tinha irmão, irmã e minha mãe,
E meu pai ainda vivia.
Que adorável infância,
Era a minha vida,
Com o tio Geraldo,
E a querida tida Dita.
Novembro 2013




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