Lá
fora a chuva cai na rua
Seu álibi é perfeito:
Ela diz que é chuva de Janeiro
Todo
mundo aceita
E
o povo respeita a natureza
Ai de quem falar algum ai!
Ela
tem todo o direito do mundo
De
cair e varrer tudo
A gente não tem nada
Mas sempre perdemos tudo
Os
governos ouvem tudo isso
Mas
não fazem nada
Eles plantam mais um bueiro
O povo fica satisfeito
E espera o próximo Janeiro
Enquanto
isso sambam em Fevereiro
As
gotas caem e se dividem
Igual
cabelo de mulher
Gotas escorrem pra lá e pra cá
E descem pelo meio fio
Iguais
fios de cabelo comprido
Se
ondulam e cintilam
E
brilham na madrugada
As
luzes amarelas
Da
São Paulo já velha
Iluminam
o ar esfumaçado
Mas a chuva segue seu traçado
E desce ladeira abaixo
Igual cabelo limpo e molhado
Com cheiro de xampu importado
E
gotas todas juntas
Descem
a rua fazendo charme
E
vão pela noite adentro
Até
cair lá dentro
E
se desmancham na boca do bueiro
Lá
dentro naquele mundo
Não
se vê nada
E
não se ouve mais nada
E
acontece de tudo
Naquele
lugar escuro e obscuro
Use
a sua imagem e ação
E
diga pra mim
Sobre
tudo isso
E
o que acontece no fim
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