Ninguém o conhece,
E ele não conhece ninguém.
É um Zé Ninguém.
Num mundo que valoriza coisas,
Ele chega sem coisa alguma.
Ele chega e chora.
Quem lhe espera,
Na sala de espera,
Também choram.
Isso é começo de vida.
Pra viver,
Ele vai precisar de uma vida inteira.
Com a vida ele conhece e é conhecido.
Agora tem nome, endereço e documento.
Talvez tenha casa, família e alimento.
Agora é alguém.
Antes ele apenas nasceu,
Agora ele passa a existir.
Se tiver coisas, vai ser alguém na vida.
Senão, vai continuar a ser um Zé Ninguém.
Que coisa, hein!
Pessoas vivem buscando coisas.
E assim pensam que vivem.
Talvez um dia,
Ele seja alguém na vida de alguém.
Sempre tem alguém procurando alguém.
As pessoas vivem fugindo da morte,
E muitos vivem se fingindo de morto.
Quando chega a morte,
Quase sempre é mais choro.
A vida é assim mesmo.
Ele se vai e coisas ficam...
Ficam para quem fica.
Aí quem fica chora sobre o morto,
E sorriem pelas coisas...
Ou o contrário!
São coisas da vida!
Será que o nome também morre?
Será que o nome vai continuar vivo?
Depende como o morto viveu.
Dependendo, é morte na certa!
É o SPC e o SERASA da vida.
Junho 2011