quarta-feira, 1 de junho de 2011

Filme criança

Faz uma cobrinha?
A faquinha rodeava a laranja,
E formava a cobrinha amarelada.
O sumo respingava,
E meus olhos observavam.
A casca balançava,
E em cobrinha se transformava.
O fruto não me interessava.
Das mãos de meu pai,
A cobrinha cor de mel,
Era o meu troféu.

Faz um poçinho?
Minha mãe era artista.
Da laranja a casca saía,
Mas de tampa ou de gomo eu não queria,
E minha mãe me ouvia e atendia.
A faquinha fincava o topo,
Rodeava e fazia um poço.
Eu olhava e observava,
E o resultado me maravilhava.
A laranja ganhava um buraquinho,
Esse era meu poçinho.
Para mim, o suco saia mais docinho.

Minha irmã tinha nas mãos,
Meu caderno da escola.
Era lição de casa,
E ela ‘tomava’ a tabuada.
Uma vez três,
Duas vezes seis,
Brincando eu respondia.
Às vezes errava,
Às vezes acertava.
Mas o que importava,
Era que minha irmã,
Igual professora me ensinava.

Meu irmão tinha a caneta mágica.
Com paciência ele desenhava,
Eu com orgulho carregava,
No peito a marca superman estampada.
A toalha era a capa,
E assim me transformava:
Eu era o superman,
E ele o super irmão.

Tudo isso está gravado.
Meu pai e minha mãe,
Minha irmã e meu irmão,
São personagens principais,
De um filme que não volta mais.

Hoje eu cresci,
E meus filmes são de adulto.
Às vezes preto e branco,
Às vezes colorido.
Muitas vezes eu penso,
E gostaria, por um segundo,
Fechar os olhos por um minuto,
(Minuto de criança, lógico),
Ter uma hora só pra mim,
Imaginar e conseguir,
Da laranja poder extrair,
Algo mais do que um suco.
Poder ser um herói,
Voar e ter poder igual ao superboy,
Não para salvar vidas,
De guerras ou de guerrilhas.
Querer e poder aprender,
Simplesmente por prazer.
Dinheiro? Só pra comprar e comer glacê.
Isso é filme de criança.
Por pior cor que tenha,
Criança que vive e pensa como criança,
Sempre faz filme ter graça e ser colorido.
Por isso o conselho foi dito:
‘Venham a mim as criancinhas... ’
                                       Junho 2011

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