A faquinha rodeava a laranja,
E formava a cobrinha amarelada.
O sumo respingava,
E meus olhos
observavam.
A casca balançava,
E em cobrinha se
transformava.
O fruto não me interessava.
Das mãos de meu pai,
A cobrinha cor de mel,
Era o meu troféu.
Faz um poçinho?
Minha mãe era artista.
Da laranja a casca saía,
Mas de tampa ou de
gomo eu não queria,
E minha mãe me ouvia e
atendia.
A faquinha fincava o topo,
Rodeava e fazia um poço.
Eu olhava e observava,
E o resultado me
maravilhava.
A laranja ganhava um buraquinho,
Esse era meu poçinho.
Para mim, o suco saia mais docinho.
Minha irmã tinha nas mãos,
Meu caderno da escola.
Era lição de casa,
E ela ‘tomava’ a tabuada.
Uma vez três,
Duas vezes seis,
Brincando eu
respondia.
Às vezes errava,
Às vezes acertava.
Mas o que importava,
Era que minha irmã,
Igual professora me
ensinava.
Meu irmão tinha a caneta mágica.
Com paciência ele desenhava,
Eu com orgulho carregava,
No peito a marca superman estampada.
A toalha era a capa,
E assim me
transformava:
Eu era o superman,
E ele o super irmão.
Tudo isso está gravado.
Meu pai e minha mãe,
Minha irmã e meu irmão,
São personagens principais,
De um filme que não volta mais.
Hoje eu cresci,
E meus filmes são de adulto.
Às vezes preto e branco,
Às vezes colorido.
Muitas vezes eu penso,
E gostaria, por um
segundo,
Fechar os olhos por um
minuto,
(Minuto de criança,
lógico),
Ter uma hora só pra
mim,
Imaginar e conseguir,
Da laranja poder
extrair,
Algo mais do que um
suco.
Poder ser um herói,
Voar e ter poder igual
ao superboy,
Não para salvar vidas,
De guerras ou de
guerrilhas.
Querer e poder
aprender,
Simplesmente por prazer.
Dinheiro? Só pra
comprar e comer glacê.
Isso é filme de criança.
Por pior cor que
tenha,
Criança que vive e
pensa como criança,
Sempre faz filme ter
graça e ser colorido.
Por isso o conselho foi dito:
‘Venham
a mim as criancinhas... ’
Junho 2011
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