E a parede colabora.
Parede se veste,
E se reveste da roupa nova.
Ela diz e só ele ouve:
Obrigado pedreiro, meu parceiro.
É tijolo sobre tijolo.
Pedreiro tem boa cabeça.
Ele monta um verdadeiro quebra-cabeça.
Que dor de cabeça!
Usa prumo e nível,
Mangueira com água e a colher.
É capricho de artista,
É Michelangelo de mão rachada,
É Aleijadinho de mãos abençoadas.
São artistas anônimos em nosso meio.
São pernambucanos e mineiros.
São paraibanos e até estrangeiros.
Usam a régua igual arquiteto.
Como o professor usam lápis com esmero.
Igual cozinheiro,
Preparam a massa com asseio.
Igual costureiro,
Usam a linha o dia inteiro.
Requadro, esquadro, trabalho retocado.
Fundação e acabamento,
Elétrica e encanamento.
São verdadeiros profissionais acadêmicos,
E erguem casas, prédios e apartamentos.
Depois de prontas, observam de longe,
Seu sangue e suor,
Misturados àquela massa seca,
E ao concreto já duro.
Filho diz com orgulho:
‘Meu pai ergueu isso tudo’.
Pessoas passam e vão,
E pouco valor lhes dão.
Vão e vem e olham com desdém.
Admiram a arte e não o artista.
Artista se entristece,
E seu coração se parte.
Corações do povo seriam úteis,
E melhor utilizados,
Se com britas misturados,
E se fossem concretados,
Em bases de arranha-céus estruturados.
Que dureza!
Isso dói fundo!
E os pedreiros seguem trabalhando duro,
Aguardando o futuro,
Quando não mais erguerão muros.
Suas casas serão suas casas.
E todos terão suas próprias moradas.
O maior Construtor é quem diz essas palavras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário