Para conquistar uma nação,
É só ter soldados e munição.
Para conquistar o alto da montanha,
É só ter equipamento e artimanha.
Para conquistar um amor,
É só ser sincero e oferecer uma flor.
Conquistar o coração de um filho,
Não pode ter armamento,
Não existe nenhum equipamento,
Nem basta ter bons argumentos.
É sempre assim,
Ouvido alheio,
Tipo assim,
Sempre chega sorrateiro,
E ofusca conselho verdadeiro.
Para essa conquista,
É batalha a perder de vista.
Leva mais tempo,
Do que uma vida inteira.
Muitas vezes a do pai já acabou,
E a batalha continua.
E só depois,
Muito tempo depois,
Aquilo que você semeou,
Finalmente brotou.
Parece whiskie velho em barril de carvalho,
No glamour de um porão inglês,
Ou no aconchego de uma adega de escocês.
Quando filho resolve prova-lo,
Bate arrependimento fundo,
Mais fundo que o fundo do poço,
Com sarilho e sem corda.
‘Deveria ter provado antes,...
Agora bebo só sem meu companheiro.
Ai que dor de cabeça,
Ai que gosto amargo’.
Aquele porão nostálgico,
Vira calabouço medieval,
Bem escuro com teias e dragões,
Com correntes e escorpiões.
Enfim, por fim,
O filho ouve as palavras,
Ditas e esquecidas no fundo do baú,
Ao lado daquela poltrona solitária.
Ceras obstinadas finalmente derretem.
Ê teimosias adolescentes,
Que fazem ouvidos amadurecerem tarde!
Agora são apenas palavras de pai.
Naquela época seriam de amigo... pai-amigo.
Seriam palavras, ombro e abraço.
Era kit completo.
‘Porque fui dar ouvido ao meu ouvido’?
Ô ouvido surdo!
Se o pai pudesse ver e ouvir,
Lá do meio do pó,
Ele se debateria e se agitaria,
(seria poeira pra todo lado),
E com alegria diria:
‘Conquistei meu filho’.
Se o final for assim,
Aí é história com final feliz, enfim.
Igual romance de Shakespeare.
Junho 2011
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