sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Marca registrada ®

Tem gente que não conhece minha marca.
Alguns eu compreendo,
Mas outros eu não entendo.
Eu sei que minha marca,
Está gravada bem fundo.
Mas às vezes nem sempre,
Ela está à flor da pele.
Uns dizem que sua marca,
Também está na pele.
Foi um processo dolorido,
Num desenho colorido,
Pintado numa tatuagem.
A marca de outros,
É carregada no peito,
Ou ostentada nas costas,
Pendurada numa camiseta,
Na frase de um palavrão,
Ou de um antigo jargão,
Ou dizendo que é cristão,
Ou não...
É só um jacarezinho,
Gritando bem baixinho:
‘Just do it... keep walking’.
E o mundo segue a marca,
E como que em marcha,
Deixam-se marcar,
E dizem que são suas marcas.
Quanta mancada!
Parece boi confinado,
Bem enumerado e marcado,
Vacinado e castrado,
Com focinho de argola empinado,
Ostentando em seu lombo,
A marca ‘rei do gado’.
E ele mugi todo enfunado:
‘Esta é a minha marca’.
O marcador pensa todo suado:
‘Pobre coitado’.
E chuta outro boi a ser marcado.
Ferro quente, cheiro de carne queimado.
Produção tem aumentado,
Como nunca antes no passado.

A minha marca não é visível.
E não precisa ser visível.
Não sou boi,
Não ando em manada,
E não levo marca,
Gravada e marcada,
No corpo ou em camiseta estampada.
A minha marca é registrada,
E só interessa,
A quem se interessa,
Ou quem é interessante.
Minha marca está registrada,
No Cartório Superior de Marcas.
                                                         Fevereiro 2012