sábado, 2 de abril de 2016

On-line e off-line

Vou desligar meus aparelhos
Só vou manter o espelho
Porque não tem jeito
É TV, CD e DVD
É GPS e VHS
É rádio a pilha e a bateria
É celular, sonar, radar
É micro-ondas e microcomputador
Vou deletar todos sem rancor
Sem pudor

Essa é minha decisão tomada:
Vou me desligar das tomadas
Chega de enrolação com fios
Chega de plugs
Chega de telas, teclas e teclados
Que venham sinais de fumaça
Tambores e pombos-correios
Sim às cartas e não a e-mails
Caderno de papel
Ler jornal até sujar as mãos
Escrever em papel de pão
O máximo em tecnologia
Seria uma máquina de datilografia
Pra exercitar minha escrita
Sou mais o texto de uma carta
Do que uma carta em mensagem de texto

Se isso é retrocesso
Então eu sou vintage e retrô
Avancemos ao tempo do meu avô
Se alguém disser “não vou”
Sem problemas
Mas não venha com dilemas
Nem reclame de erros de sistemas
Se tá sem bateria
Se acabou a energia
Se o download não finalizou
Se o celular se calou
Eu também não vou chiar
Se o meu vinil riscar
Se o caderno molhar
Se o livro amarelar
Se meu pé se embarrear
Se a ficha não cair

Mas eu digo, repito
E compartilho por todos os meios:
Desliguem meus aparelhos
Estou on-line
Mas quero viver off-line
Abril 2016

Estou on-line
Mas quero viver off-line