quinta-feira, 23 de abril de 2015

White guitar

Meu filho Matheus Naves comprou uma guitarra, mas o instrumento deu problemas e ele a devolveu ao fabricante. Quanta tristeza... até ele comprar outra! Mas tenho certeza que ele sempre irá se lembrar de sua primeira guitarra: a guitarra branca.
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Pobre de minha guitarra branca
Foi amor a primeira vista
Com pagamentos a prazo
Poder ser abuso de minha parte
Mas já a estava chamando
De Branca de Naves
Tantas eram
Nossas cumplicidades e afinidades

Aquela coisa fina
Desafinou e se estragou
Produziu desacordes
Sem acordos com as notas
O som não era de uma Gibson
Tampouco uma Fender
Mas cá com os botões meus
Eu iria batizá-la e honrá-la
Como uma legítima Von Matheus

Mas a branquinha me deixou
Que saudades de suas tarraxas
Nossas cordas seriam felizes
Metais e vocais
Cordas e notas
Em puros devaneios
Sorry!
Sem escusas a tímpanos alheios

Mas ela se foi
E eu procuro por outra
Uma outra de qualquer cor
Seja como for
A música não tem cheiro nem cor
O sentido é ouvir e sentir
As notas a bailar pelo ar e por aí
                                             Abril 2015



quarta-feira, 22 de abril de 2015

Roçar

Lembrando da Iolanda Cruz que, quando nos visitou em Fevereiro de 2013, juntamente com a Ivone, plantou alguns legumes nos fundos de casa. Ficaram somente saudades, pois agora ela está na memória de Deus.
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Fui capinar o quintal
Fui roçar o matagal
Confesso que o mato tava assim
Daquele jeito
Cavuquei a terra
E muitas minhocas
Dançavam igual funk dos cariocas

Meti a enxada
E acertei uma batata
Aí foi batata!
Depois de umas roçadas
Colhi mais 3 leguminosas
A salada vai ficar saborosa
A Iolanda ficaria orgulhosa

Lavei a alma
Com o corpo sujo de barro
Me senti um homem da terra
Com o suor na testa
O suor descia melado
Todo embarreado e suado

O céu era amarelo e ficou cinza
E a chuvarada veio de cima
Fechei os olhos e olhei pro alto
A água lavou meu marrom
E voltei a ser apenas homem
Homem igual gente
Homem branco sem cor de terra

Sou do asfalto
E pouco conheço a terra
Mas um dia vou ficar só
E vou voltar ao pó
                                                       Abril 2015