segunda-feira, 28 de julho de 2014

Dizem por aí

Dizem que sou egotista e egoísta.
Dizem que sou velho,
Mas depois q sou moleque.
Dizem que sumo,
E que não assumo os meus assuntos.
Que vivo em meu mundo,
E que perco o rumo de tudo.
Dizem que sou simpático e carismático.
Dizem que sou lunático,
E também apático.
Uns dizem que sou inteligente,
Mas meio demente.
Muitos me chamam de chato,
E que sou um saco.
Nunca me chamaram de brilhante,
Mas já disseram que sou arrogante.
Já me chamaram de pinguço,
De pão duro e até de cabeçudo.
Dizem que sou irritado,
Nervoso e esquentado.
Outros dizem que sou da paz,
Calmo e bom rapaz.
Que confusão, que nervoso que dá!!!

Mas olhando os botões,
De minha camisa sem marca,
Mas bem passada,
Eu respiro fundo e penso ao mesmo tempo:
O tempo que tenho andado,
E vagado por essas terras e asfaltos,
Que não são muitos e também não são poucos,
Eu não teria tempo e disposição,
Nem dinheiro debaixo do colchão,
De ser tudo isso,
Ou parte disso tudo,
Que falam que eu sou,
Ou que deixei de ser.
Vai entender!

Então eu fecho a régua,
E passo a conta,
E chego à conclusão:
Nesse círculo fechado meio aberto,
Ou o povo tá redondamente certo,
Ou eu quadradamente errado.
Não teria uma terceira alternativa,
Pra eu livrar minha jugular,
Da derradeira guilhotina?

Mas pra falar a verdade,
Não tô tem aí,
E vou ficando por aqui.
Falem bem ou falem mal,
Mas faltem dos outros.
E você, o que diz de mim?
                                          Julho 2014



segunda-feira, 21 de julho de 2014

Guerra das estrelas

A granja está quieta.
O galo não canta mais,
Mais ninguém canta de galo

O tapete era verde e ficou vermelho,
Depois de 7 bombardeios,
No quintal brasileiro.
O gauchão diz que manda,
Mas tem uma dama que é a dona da granja.
Ela veste vermelho e ficou vermelha,
Com vergonha da Alemanha.
E a laranja mecânica,
Também deu frutos em abundância.
Pra gente sobrou o bagaço amargo,
Em pleno mineiraço.

As 5 no peito subiram a cabeça,
E causou enxaqueca.
Quantos canarinhos e estrelas,
Voando ao redor da cabeça.

Quanta gente bonita ajuntada,
Espalhada pelas arquibancadas,
Todas com caras pintadas,
E com centro avante nas arcarias.
O resto ficou nos barracos aos barrancos,
Assistindo pela TV PT e branco.

Acabou a festa por aqui,
E começaram as férias escolari.
Mas ao final da festa,
Sabemos tudo sobre a 3ª vértebra,
Sei onde fica Itaquera,
Até aprendemos a escrever équissa.

Mas deixemos de lado,
(Do lado de cá, claro),
O choro calado e cantado,
E vamos discutir os elefantes brancos que ficaram.
Podemos anunciar nos classificados:
"Vendem-se arenas e estádios,
Sem uso e todos zerados,
Em bons estados,
Interessados favor ligar para o senado."
Mas 10% é comissionado!
                                     Julho 2014

terça-feira, 8 de julho de 2014

Conc(s)erto na faixa

Eu parei para um garoto atravessar na faixa de pedestres. Ele agradeceu com um sorriso e um positivo e eu é que saí ganhando.
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Parecia um concerto na avenida,
Em plena luz do dia.
Aquelas faixas em preto e branco,
Parecia teclado de piano.
De um lado um garoto,
De calças curtas e mãos no bolso.
Ele me esperava para o show.
De longe eu o vi, freei e o carro parou.
E seus pés andaram,
Sobre o piano desenhado no chão.
Tudo foi rápido,
Mas parecia demorar aquele espetáculo.
E saiu do bolso a sua mão esquerda,
Pra finalizar sua regência.
Um positivo e um tchau,
Foi o seu movimento final.

Quanta maestria,
Enquanto ele sorria,
E fazia a travessia,
Naquela avenida,
Chamada Rua Bahia.
E ali eu curtia,
Em plena primeira fila.
A calçada foi seu camarim,
Para onde ele se retirou no fim.

Mas nem tudo estava bom.
Depois quase parei na contramão,
E exigir do garoto o meu dever.
Eu é que tinha o direito de agradecer,
Pela chance de exercer,
Meu dever de cidadão,
Num trânsito onde impera a confusão.

E logo depois fui para casa,
Após aquele show na faixa.
Foi um conserto necessário:
Eu estava precisando de uns reparos.
Julho 2014




terça-feira, 1 de julho de 2014

Enchendo a casa da gente

Todo ano vem a mesma visita,
Ela mal chega e já está na cozinha.
Ela vem e trás a sujeira,
Sujeira que vem atrás dela.
Ninguém a convida,
E ela chega de noite ou de dia.
A gente não tem nada,
Mas ela leva tudo da gente
Ela vai ao quarto, olha a sala,
E sempre se sente em casa.
Ela parece ter saudades,
E volta no verão, no outono,
Ou quando sentir vontade.
Ela não diz e faz mistério,
Mas talvez ela volte no inverno.

Ela trás presentes de mau gosto,
São souvenires que cheiram a esgoto.
Eu não aceito, mas não tem jeito.
Ela se sente a tal,
Ela é vedete e manchete,
Do jornal local e nacional.
Ela é uma destruidora de lares,
Quando se vai não deixa saudades,
Depois ficam apenas os pesares.
Ela deixa suas marcas,
Em corações e paredes das casas.

Ela chega com os cumprimentos,
De governos e prefeitos.
Todos a conhecem pelo bairro,
Deve ser pelo seu pé de barro.

Esta é a história da dona enchente,
Que não se esquece da gente.
Seus sorrisos não têm cores,
Ela nos visita e antes de ir,
Sempre nos deixa com muitas dores.
A gente não tem nada,
Mas ela leva tudo da gente.

Ela se sente toda cheia,
Mas aí vai um lembrete pra dona enchente:
Vê se você não enche mais a gente,
Porque a gente tá cheio de você.
Julho 2014