quarta-feira, 21 de março de 2012

Brasilation

O day after é quase sempre triste,
Mostram os filmes que a gente assiste.
Fica melhor comendo hamburger ou hotdog,
Em qualquer shopping da cidade,
Em alguma rede de fast food...
Poderia se chamar fat food...
Lá o povo desfila seus looks,
Conhecendo ou ignorando pessoas,
Aproveitando a internet toda free,
Com Wi-Fi no facebooks e afins.
Esse people faz pouco dos próximos,
E se aproxima dos mais distantes,
Tagarelando e se esgoelando no MSN.
O bluetooth de todos fica mordido,
E trabalha até ficar vermelho.

No vermelho mesmo tem muita gente,
Comprando home theater,
Ou uns trash on sale,
Pagando cash ou no credit card.
No check in ou no check out,
O pessoal perde o controle.
Pra aliviar o stress,
Só indo num happy hour num pub na night.
E tome drink e mais drink.
Cuidado pra não ficar offline!
Parece coice de white horse.

O Brasil está doente,
E padece de anglicismo crônico.
Seria cômico se não fosse trágico.
Mal falamos nosso português básico,
E nos aventuramos e nem travamos,
A nossa língua em idiomas,
Que acabamos importando.

Se nos chamam de crazy,
Não nos importamos e respondemos:
Hasta La vista, baby.
                                                 Março 2012

quinta-feira, 1 de março de 2012

Batendo as botas


No ano que completar 18 anos,
Esqueça jovem, de seus planos.
Foi um ano tão esperado,
Será um ano para ser esquecido.
Agora você é maior de idade,
E vai aprender o valor da mediocridade.
Vai aprender,
A guerrear com a humanidade.
É um curso intensivo,
Com pressão intensa.
Vai aprender a bater continência,
E o valor da sua insignificância.
Com olhos arregalados,
Você vai bater as botas,
E gritar bem alto:
‘Sim, senhor!’

O cantil vai matar sua sede,
E o fuzil amigo vai matar por você.
Vai amar a pátria amada,
Vai aprender a beijar a granada,
E se você tiver cabeça,
Vai se lembrar da mãe e da namorada.
Na hora da prova,
Vai ficar com um pé na cova,
Ou os dois na trincheira.

Na gaveta de seus senhores,
Lhe guardam medalhas honrosas,
Emboloradas e enferrujadas.
Não se preocupe com tétano.
Isso é coisa para vivos!
Abra os olhos,
Não bata as botas,
E grite se puder:
‘Não, senhor!’
                                               Março 2012

Diárias e mensais do analista

Quem trabalha com sistema,
Podem ser sistemáticos.
Muitas vezes lunáticos.
Meio metódicos.
Às vezes nem sempre,
Podem ser simpáticos.
Trabalham com inúmeros números.
E nas empresas,
Também são meros números.
Dói até o úmero.

Passam o dia olhando a tela,
Impassível do monitor.
Pessoas perguntam,
Impassíveis,
O que você faz.
Você responde,
Impassível,
Que trabalha com sistemas.
Elas respondem:
‘Impossível,
Não faz nada o dia todo’.
São nossos ‘ifs’ e snif’s de todo dia.

A tia, o primo ou amigo,
Procuram o ‘nerd’ esquisito,
Quando o computador se finou,
Quando o mouse gateou,
Se a impressora emperrou,
Até se o celular se calou.
Eu sou analista,
Você explica.
Mas de que adianta?
Não adianta nada.
Ele não faz nada,
Pensam com certeza.

Em pleno churrasco te ligam,
No feriado não lhe deixam,
Nas férias lhe convocam.
De madrugada você sai,
E outros labutadores da noite,
Lhe observam pela rua.
São parceiros da lua,
Como você vão à labuta.
Eles vão aos copos e garrafas,
E outras pernadas na madrugada,
E você vai ao trabalho até a estafa.

Falam do seu salário.
Conta gorda e vida boa.
Cuidam e contam seu dinheiro.
Mas será, quem sabe,
Alguém quer contar,
Teus neurônios e cabelos pelo chão?
E seus problemas de visão?
E a tenossinovite e a tendinite?
E a gastrite?
Cuidar dessas chatices?
A lógica diz que não.
Você pensa e analisa:
Lógico que é melhor lidar com códigos,
Do que ouvir os falatórios.
                                                      Março 2012