segunda-feira, 29 de abril de 2013

A half home

A simple text about Danbury, a city of Connecticut state where I used to live from 1992 to 1996. Cris and Rodolpho was with me and this city is the Matheu’s birth place.
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Danbury is in my heart,
It is in my mind.
Danbury is in my soul,
I love you so.
On your ground,
I dropped my blood and my tears,
And I left pieces of my heart for years.

I will go back there soon,
And take what belongs to me.
I am not invited,
But I guess you will welcome me,
As you did before.
I am pretty sure,
That your arms,
Are waiting for me.
Please don’t forget me,
Because I can’t forget you.

How is the Main Street?
Send greetings to Rogers Park.
I miss your mall,
Also your downtown,
That is not too small.
How is your highway 84?
This road carried me,
For many, many miles,
With tears and smiles.
I heard that Caldor,
Is not there anymore.
It’s sad to know that,
This store was part of my past.

I remember your sun and the rain,
Your wind and the snow falling down.
I miss even the storms.
That used to scare me!
But I don’t care,
I want see you again.

Do you remember Rodolpho?
He was a little child,
When he left your land.
He has sweet memories,
Of the carrousel at playland.
Arthur is a big boy,
And with the others,
Makes a lot of noise!
I’m taking a gift,
I got Matheus and he is part of you.
He is half Sampa, half Danbury.
He is half Brazil and half Sam, his uncle.

Don’t need to make a cake,
Don’t wait for us at the airport.
 Just open your arms,
 Because we are going to our half home.
                                                  April 2013



quinta-feira, 25 de abril de 2013

Carga explosiva

Maldita caneta,
Filha de um pincel barato!
Parece o ‘seu’ guarda na avenida,
Vive canetando minha vida.
Caneta só tem uma veia,
Nem tem coronária essa otária!
Essa minha vida,
Não tá lá essas coisas.
A sua vida ridícula,
É escrever sobre minha vida.
Vá fazer algo mais útil,
E valorizar sua carga fútil!
Vá fazer palavras cruzadas,
Ou copiar receita da Ana Maria Braga.
Já estamos em abril,
Vai preencher imposto de renda,
E valorizar seu azul do anil!

Seu conteúdo é só tinta,
É carga explosiva,
Destrói e fica na defensiva.
Gosta de escrever sobre mim,
E vai se esconder em algum bolso,
Ou se infiltrar em algum estojo.
Sua existência é limitada,
E de você eu tenho dó,
Você é intermediária,
Entre nariz e uma carreira de pó!

Mas a sua tampinha toda mordida,
É cara de plástico e nem liga,
Não se irrita e me convida:
Vamos escrever mais sobre sua vida?
Ah, meu louro José,
Ah meu Chico Bento,
Ah papa Bento,
Será o Benedito?
Será o Francisquinho?
Será o argentino?
Será La mano de Dios?
Me impaciento, lamento,
E o jeito é assentir.
Pego uma folha,
Eu sei que não tenho escolha.
E agora a fofoqueira de tinta,
Vai saber mais da minha vida.

Um dia ainda vou ver,
Essa imitação de broxa,
Se borrar toda e ficar na pior,
Em uma camisa branca da Dior,
De um político ou pastor,
De um empresário ou ator.

Prefiro a humildade do lápis,
Feito de madeira e simplicidade.
O lápis escreve e aceita correção.
Você escreve seus rabiscos,
E ignora seus críticos.
O ser humano deveria rever,
Seus conceitos e modo de ser,
E copiar o lápis e seu jeito de viver:
Ser de madeira humilde por fora,
E interior com qualidade superior.

E o seu conteúdo,
Tá mais pra líquido explosivo,
Ou sólido construtivo?
Na dúvida, pergunte ao seu crítico.
                                                                  Abril 2013




segunda-feira, 22 de abril de 2013

Conselho de espelho pentelho

Ouço dicas disso ou daquilo,
E penso em escapar de compromissos.
Falando a verdade,
Ô vontade de fugir de responsabilidade!
Isso é um baita palavrão!
Mas essa tal responsa,
Bate fundo e bate forte.
O batidão bate, bate, bate,
E só quer ganhar por nocaute.
Só larga da gente,
Na hora da morte.
Já vai tarde!
Aí a dona certinha,
Vai tentar atormentar outro,
Vai bater em outro frango morto.
Responsabilidade não faz dieta,
Ela é pesada e gorda,
E é a gente que carrega essa balofa.
A vida inteira de anos,
A agente carrega este piano.

Muitos me conhecem,
E me dão conselhos,
Uns são quase de graça,
Outros sem cobrar nada:
Barba barbeada,
Conta azulada,
E vergonha na cara.
Contudo não é tudo,
Que eu consigo.
Eu não sou o Homem de Ferro,
E nem sou o Homem de aço.
Eu sou de carne mal passada,
E osso frágil de roer.

Ouvimos tantos segredos,
Pra espantar os pesadelos.
São tantos conselhos,
Pra espancar nossos espantalhos.
São tantas dicas,
Que a gente fica,
Até mais animado pra levar a vida,
E até pra continuar levando da vida.

Aquele assunto que é da minha conta,
Estou lutando e tentando,
Mas o bando do banco,
Vive me assediando.
De raiva vou ficando vermelho,
De azul só o céu se armando,
Pra chuvas e trovões na minha moleira.

Mas e quando tô barbudo,
Parecendo um mundano vagabundo?
O espelho pentelho ficou me olhando,
A casa me olhou e solicitou,
E tive de concordar e rocei a minha cara.
A tosa mandou pelos por toda casa!
Acho que barba parece moita,
E a deixamos crescer,
Pra ter onde se esconder.
Mato grande cresce e esconde,
A placa home sweet home.

A última eu não digo nada.
Minha cara desnuda e exposta,
Cheia de bochecha pelada,
Ainda dá uma vergonha danada.
Mas isso passa... pra melhor ou pra pior?
                                              Abril 2013


sábado, 20 de abril de 2013

My way

Quem está na chuva,
É pra se molhar.
Quem diz isso debocha,
Usa capa e botinão,
Guarda-chuva e galocha.
Raios e relâmpagos,
Na cabeça dos outros,
Tem sabor gostoso,
E parece tira gosto.

Tem dia que você,
Quer começar com pé direito,
Mas até parece,
Que você tem dois pés esquerdos.
A gente fica meio aleijado,
Dos membros e da cabeça.
E da alma? Só falta!
A vida é juiz,
Fica na mesa lá alto,
E te condena a vida inteira.
Quanto mais inocente,
Mais culpado a gente se sente.

Às vezes a vida tá toda russa,
Parece montanha com mesmo nome,
Feita no país da vodka.
É tanto sobe e desce,
Que parece que entorpece,
Sob efeito de cachaça de graça.
Quando sobe,
A gente se sente no céu.
Quando desce,
Sentimento é oposto,
Mais fundo que o fundo do poço,
Ou mais sujo que esgoto.
Às vezes mais atolado,
Do que fossa.
Pelo menos aquilo faz festa,
Quando se agita na descarga,
Depois que alguém lhe carga.
Em plena porcelana toda bacana,
Ela gira e se agita.
Depois vai se aventurar,
Pelos dutos e canos,
E vai boiar e flutuar sem se importar.
Se algum fulano reclamar,
Ouve-se alguém exclamar:
Tô evacuando e andando!

Eu fico indignado,
E fico de semblante amarelado.
Misturo um olhar 43,
Junto de sorriso a La Pink Floyd,
E enredo Alfred Hitchcock,
Com gargalhada Vincent Price.
Pra agüentar só com cachaça ice.
Então eu seguro as lágrimas,
Com todas as minhas mãos,
E meu par de pulmões,
Se inflam e se esvaziam,
E meus olhos transbordam,
Numa maré salgada.
Aí eu fico cheio de tudo,
E neste pleno vazio,
Onde tudo acontece,
Eu bato em meu peito,
E tenho plena certeza,
E respondo a todos,
Convicto e com embaraço:
Não sei o que faço!
E sigo meu caminho,
Olhando pra trás,
Sem olhar pra frente,
E gostaria de responder:
I’m on my way!
                                                   Abril 2013


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Quase tudo passa

Eu espero o café esquentar,
A fumaça sobre,
E os minutos vão passando.
O café ferve,
E fica com gosto de passado.
Eu espero o leite derramar,
A fumaça sobe,
E o branquelo tenta me enganar.
Os minutos vão passando,
Eu devaneando,
E o leite se esparrama pelo fogão.

A mamãe prepara,
E espera pelo seu filho,
E os meses se arrastam e passam.
Elas pensam: mãe é assim,
Já levo chutes dentro de mim.
Amor de mãe começa assim,
E segue amando até o fim.

A dona de casa cozinha,
E prepara o alimento sozinha.
As horas passam,
E ela espera por filhos e marido.
Eles chegam, sentam e comem,
Com uma fome ‘daquelas que nem te conto’,
Se fartam e se vão.
Cada um para seus interesses,
Mas a gordura das louças,
Ficam amontoadas e empilhadas.
Ela senta, suspira e os anos voam,
Mas um dia ela espera,
Ouvir uma palavra boa:
‘Obrigado mãe querida’,
‘Querida mulher, obrigado’.

O trabalhador pontual,
Na hora marcada está na calçada,
E espera o ônibus que demora.
Os dois chegarão atrasados,
E muitos ficarão bronqueados.
Na rua carros e pessoas passam,
Pombos e minutos voam,
Tudo acontece,
E o ônibus não aparece.
Ele tem que bater o ponto!
Ô vontade de bater naquele ponto!

O terapeuta senta ali,
O paciente senta aqui.
Um fala e o outro ouve,
Às vezes o silêncio fala mais alto,
E o lenço fica em pedaços.
Na parede o relógio faz TIC,
E o coração faz TUM.
Neste descompasso,
O tempo não passa,
O paciente se acaba,
E acaba-se o horário.

Tem muita gente sentada,
E esperam algo de mim.
O tempo passa,
Eu nada faço,
E não faço nada,
E a impaciência está nas caras.
Uns sorriem meio sem graça,
E outros perderam a graça pra sorrir.
                                                    Abril 2013


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Paraná vermelho verde-amarelo

Tiro meu chapéu pra Apucarana,
Terra do boné.
Confecção que faz a cabeça do pessoal,
Sustenta muito cabeça de família,
E completa a renda mensal.
Lá eu vi o antigo e o novo,
Em casas antigas,
E modernas arquiteturas.
Em sábias cãs,
E gel nas jovens cabeleiras.
Eu vi o respeito ao passado,
E o resultado,
É o futuro estruturado.

Passei por Curitiba,
Ruas largas, prédios parecendo espigas.
Apreciei as suas estrelas sumidas,
E me lembrei do céu paulista.
Até a garoa fria me lembrou Sampa,
Terra que minha família ama.
Bateu saudades e quase chorei,
Igual a garoa que caia eu fiquei.

Pelas rodovias eu vi silos,
Alimentados com sementes até a boca.
Estoques abençoados,
Que enchem a nossa também.
Vi caminhões com canas nas costas.
Viajavam rápidos pelas vias,
Pra adoçar muitas vidas,
E encher tanques de carros e de humanos.

Paraná, terra roxa e vermelha,
Que colore mãos de gente,
Que acaricia esse chão verde-amarelo.
Chão da cor do sangue,
Que vira lama quando se mistura,
Com suor e lágrimas,
Dessa gente paranaense.

Meu sangue é paulistano,
E com mineiro é misturado.
Mas meus glóbulos colorados,
São tingidos e bem corados,
Por sua causa, Paraná.
Você é abençoada com chão vermelho,
Da cor e textura de coração humano.
                                                 Abril 2013

Silos de barriga cheia

domingo, 14 de abril de 2013

Sentandos no chão

A gente senta no chão,
Contempla mais um dia em vão,
Procura um jornal e papelão,
Pra servir de edredom.
A gente senta no chão,
Pra mendigar um pão,
Ou aguardente pra suportar a situação.

A gente senta na terra,
E come a comida no chão,
Parecendo um cão,
Sem rumo, sem dono e sem direção...
A gente fica indignado e se sente indigno.
 Mas somos artistas sem cachê,
 A gente passa o dia sem comer,
 Pra aparecer no jornal da TV.

A gente senta no chão,
Pra brincar com cachorro,
Pra brincar de cachorro,
Pra ser tratado igual cachorro,
Pra pastar igual cachorro.
A gente senta no chão,
Pra ser feito de gato e sapato,
Pra engolir sapo e pra pagar o pato.
Esses são os bichos de estimação,
Quando a gente tá no chão.
Cuidado senão acorda o dragão,
E desperta o leão.

A gente senta no chão,
Pra educar e orientar o filho,
Pra ignorar o pai que tá velho,
E quando a gente estiver caquético,
A gente vai querer brincar com o neto.

A gente senta no chão,
Pra comer a marmita,
Com arroz e o feijão.
Quando a gente quer sentar no chão,
Pra descansar os ossos,
E acalmar o coração,
Aí dizem que a gente é a toa,
E que só queremos viver na boa.

A gente senta no chão,
Na esquina e na contra mão,
Depois que a vida te aprontou,
Te deu uma rasteira e te derrubou.
A gente fica ali no chão,
E um monte de gente,
Não te estende a mão.
Aí a gente levanta do chão,
Bate as lágrimas e seca a poeira,
E segue a vida estradeira,
E às vezes a gente nem perde o chão.
                                                      Abril 2013

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Cachaça de gringo

Tem um gringo bêbado,
Que usa bengala,
Bem aparentado,
Com traje de gala.
Anda a passos largos,
Pelas ruas largas,
E pelas camisetas da molecada.

Mas ele não bebe cachaça de alambique,
Ele prefere algo mais chique.
E se chamar essa cachaça de pinga,
Ele se irrita e briga.
Essa manguaça vai bem,
Com cubos de gelo ou à la vaqueiro...
Perdão, falei brasileiro.
Cada erro que até dói,
O correto é à la cowboy.

O amarelado é porque é envelhecido,
Em barris do carvalho.
O que cai ali pode dissolver,
Derreter e apodrecer.
São misturas que ajudam a descer.
De copo em copo,
De dose em dose,
Vai encharcando o figueiredo,
Preparando a víscera pra cirrose.

O gringo dá seu recado,
E o som é escutado,
Por todo este mundo banalizado,
Por todo o globo globalizado.
Som nasce envelhecido no Tennessee,
E se ouve até por aqui.
Essa aguardente,
Tem propaganda inteligente,
Não é toda gente que entende.
Entender pouco importa,
O que importa,
É consumir o importado,
E na balada ficar ligado.
Red Label e Red Bull,
Energia de norte a sul,
Mix de Kiss de matar qualquer um.

E lá tem bate-estaca escolarizado,
Universitário ou analfabetizado.
Refrão é miserável,
Com gente mais pobre ainda.
A galera grita alucinada,
Bebendo ou fumando ‘beck’:
Keep walking, Jack!
                                                     Abril 2013


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Outono pontual

Este ano o outono chegou chegando.
Chegou verdadeiro,
Nem parece brasileiro.
Veio ansioso,
Soprando folhas,
Pra todos os ares,
Dando trabalho,
E querendo mostrar serviço.

Tá de alto austral,
Ou nortista boreal?
Só sei que não veio suado,
Com cara de verão assustado.
Nem todo encapotado,
Fantasiado de inverno encabulado.
Nem cheio de florzinha,
Com jeitinho de primavera burguesinha.
É um verdadeiro outono brasileiro,
Com horário britânico.

Ele veio e pediu respeito.
Eu fiz minha parte,
Fechei a janela,
E vesti camisa de flanela.
Vinho quente e canela,
Debaixo do cobertor dá um suadô!
Desliguei o ar e o ventilador.
Pena que não tenho aquecedor.

Outono todos os anos,
Parece com seres humanos.
Tem ano que ele vem acanhado,
Chega até atrasado.
Mas às vezes ele está adiantado,
E aparece todo estressado.
Em minha opinião,
O outono devia deitar no divã,
E fazer terapia no verão.

Coitado, ele tem vida curta,
Não demora e ele tá indo embora;
Em Junho ele vira abóbora.
Embora,mesmo quando demora,
Ele não perde a hora,
E ano que vem ele tá de volta.
Digo uma coisa agora,
Vou varrer as folhas,
Amontoadas em minha porta.
São folhas acumuladas,
Do outono da estação passada.
Sujeira deste ano, não tem como,
Limpeza fica para o próximo outono. 
                                                      Abril 2013