sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Envelhecido

Escrevi observando como os anos chegaram todos de uma vez para a minha mãe.
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Os brancos
São pratas da casa
Fio por fio são contados
E pintados
Pintura e tintura
Feitos com anos de paciência
Com a regência dos anos

E o tempo passa
Por cima de tudo e de todos

Sensação estranha no ar
Que agora o tempo vai mais devagar

As madeixas
Se deixam mais fáceis de pentear
E de se ajeitar
Os brancos dos fios
De início
São rebeldes enrustidos
Quando não somem depois são assumidos
Nem precisa dar tempo ao tempo
O tempo é encarregado dos anos
Ou o contrário
Diz esse velho ditado
Sempre atrasado
Com relógio adiantado

É tanta vida vivida
Que a pele se enruga
Rugas de vida dura
Vida que a gente atura
Pele com rachaduras
Qualquer bengala ajuda
Nessa longa caminhadura

É muita coisa pra se lembrar
Dos anos vividos
De tempos idos
Tempos esquecidos
Do que se fez
Do que não se fez
Agora é fazer o que dá pra fazer

Aviso aos jovens forever:
Hoje em dia
Ninguém acorda o dia de hoje
Mais novo do que ontem

Ninguém se lembra
Do que
E de quem foi esquecido
Do envelhecido
Quem passa por isso
Tem uma certeza latente:
Que ainda lhe corre
Um sangue quente
Vermelho de vontade de viver
Com sua paciência e minha calma
Pra cuidar de nossa alma

Setembro 2016


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É tanta vida vivida
Que a pele se enruga