sábado, 26 de novembro de 2011

Fase caliente

Compreendendo o coração adolescente que, às vezes, aborrece a gente.
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Seque as lágrimas,
E vá em frente.
O mundo roda,
Em volta dele,
E não da gente.
E vai continuar rodando,
Com a gente,
Ou sem a gente.
É melhor com a gente!
Tenha sempre em mente:
Paixão adolescente,
É igual dor de dente.
Dói e como dói, e a gente geme.
Incomoda até o sono da gente.
Chega tipo assim, entende?...
Igual um delinqüente.
Chega do nada,
E quando vê,
Já está na frente da gente.
Depois vai embora de repente.
E leva tudo da gente.
Parece um vulcão incandescente.
A lava desce quente,
E muda tudo à frente.
Parece enchente.
Vem, destrói,
E se sente impenitente,
E bagunça toda a vida,...
Assim, simplesmente.

Cuidado com esmorecimento.
Olha o desalento,
Estufe o peito.
Aí dentro,
Alguém está batendo,
E se debatendo,
E dependendo de você.
Ele é emoção,
Mas você é razão.
Olha o aviso intermitente:
  Cuidado,
  Novas erupções à frente.
                                         Novembro 2011

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mato Grosso


Estive em Mato Grosso.
Estive por lá,
Em Cuiabá.
Terra de saltaveaco.
Onde a luma alumeia,
E o candeio luta coma a escuridão,
Mesmo quando queima a mão.
  Suor escorre igual chuva,
Pé d’água cai igual pedra,
E no verão a brisa tira férias.
O asfalto parece tampo de fogão a lenha,
Na hora do almoço querendo fritar ovo.
E o asfalto se derrete todo!
Fica todo perrengue.

Foi pouco tempo eu me lembro.
O Marcinho parou no acostamento,
E eu vi jacaré na beira da estrada.
Pobre animal, distante do habitat natural,
Longe do pantanal, destino fatal.
Vi arara de peito amarelo e asa azulada.
Vi caranguejeira da porta da sala.
Eu assuntei o bicho e bastou uma vassourada!
Só não digo quem espantou a danada!

Jotacê é ladino,
Fala cuiabanês,
E seu sotaque não esconde a mineirice.

Por trás das lentes corretivas,
O JC tem olhos de máquina fotográfica,
Suas fotos parecem da África.
Ele bate retratos do fim do mundo.
Mato Grosso é um mundo à parte...
A parte bela verde-amarela.
O grito alto da pintada é um urro,
Talvez chorando seu futuro.

É lá que o país respira fundo,
Limpa os brônquios,
E dá fôlego ao resto do mundo.
                                          Novembro 2011