quinta-feira, 27 de novembro de 2014

24 horas

24 horas o dia todo
São números que não se acumulam
Recebemos o crédito
Acontece o débito
Se o saldo tá azulado ou negativado
É igual sigilo bancário
Só é pertinente
Ao correntista e ao gerente

24 horas não dá pra nada
Em um dia queremos 25
Mas o crédito é justo
Eu recebo igual a você
Você recebe o mesmo que eu
Oras
Salário pago na hora
Tudo em dia
Todo dia
Toda hora

Às 24 horas o saldo zera
E começa tudo do zero
Mais 24 horas
De crédito e débito
Minuto a minuto

E continua a contagem
E a vida continua
Até o próximo minuto

E depois?
Novembro 2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Comer ou não comer

Tem gente que pouco come
Porque quer cuidar do abdome
Se sua vida for saudável
Isso é louvável
Se seu modelo de vida
For um artista da revista
Se quiser ter a vida alheia
Isso causa até olheira

Tem gente que come muito
Porque largou mão de tudo
Se a balança não incomoda
Se não se importa
Com a roupa que lhe arrocha
Então só não descuide do colesterol
E cuide do suor

Comendo isso ou aquilo
Assado ou mal passado
Comendo muito ou pouco
Esqueça o desgosto
Ligue as papilas gustativas
E aprecie a comida
E saiba responder:
Você come pra viver
Ou vive pra comer?

Dependendo da resposta
O Ministério da Saúde não se importa
Mas o médico deverá ser consultado sem demora
                                                                Novembro 2014




sábado, 1 de novembro de 2014

Água nos olhos

Pra todo olho que olho vejo água
Águas salgadas pelas praias
Águas adoçadas nas cachaçarias
Águas entornadas nas cantinas
Águas amargas pela vida

Às vezes eu falo disso e daquilo
Talvez certos assuntos esquisitos
Então alguns me replicam:
Isso é coisa da sua cabeça!
E quando digo que vejo água
Aqui e acolá pelos polos
Novamente me corrigem:
Isso é coisa de seus olhos!
Então seco os olhos
Baixo a cabeça e concordo
Água nos olhos
Quero ver o que você vê...

Dizem que homem não chora
Mas homem que é humano chora
Chora aparecido ou escondido
E às vezes chora igual menino
Quem for homem crescido
Diga que estou mentindo

Haja fronhas e guardanapos
Todos encharcados
De gosto salgado
O sol vai suar pra secar
Tantos prantos nos panos
De gente aos trapos e farrapos

Mas depois de secos
Os olhos maquiados
Outrora marejados
De cara limpa vão pra vida
Nunca prontos pra chorar ou pra sorrir
De novo e novamente
Mas que venha o que for
Pra causar sorriso ou dor

Os olhos sorriem e a boca agradece
O peito se enche contente
E o coração se bate todo alegre

Nenhum olho é de ferro nem de aço
Então guarde um guardanapo
Num bolso que não esteja furado
                                                       Novembro 2014

Água nos olhos
Quero ver o que você vê...