terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Jeito mulher

Mulher usa vestido com babado.
Vestido longo, curto ou apertado.
Blusa fechada ou modelo decotado.
Saia colorida ou desenho floreado.
Com a transparência deve ter cuidado.
Com a aparência tem muito cuidado.
Sai do salão com o penteado ajeitado.
Corta as pontas, creme, tintura, tudo importado.
Quer morrer se o tempo está fechado!
Um horror!

Gosta de retocar a maquiagem.
É importante manter a boa imagem.
Muitas falam que não tem vaidade.
Mas isso não é verdade.
Vaidade não tem nada a ver com idade.
Verdade e idade não têm afinidade.
Mulher, antes de tudo é pura vaidade.
Problema é balança de farmácia: só diz a verdade.

Cena interessante é encontro entre amigas.
Parece final de novela o encontro das divas.
São beijinhos e abraços entre as meninas.
Saltitam, falam alto, não ficam altivas.
Problema é com o vestido ou acessório da amiga.
Se for igual ou melhor ao da outra ‘querida’,
Raios silenciosos saem do olhar já em mira.
O alvo é certeiro: a querida amiga.

Bolsa de mulher é um mundo só delas.
Tem espelho, batom, carteira e moedas.
Celular, lápis, caneta e moedas.
Alfinete, agulha, linha e moedas.
Absorventes, lixa de unha e moedas.
Repartições secretas anti-homem e porta moedas.

Mulher faz pé, mão e depilação.
Quando quebra a ponta da unha, a lixa entra em ação.
Mulher esperta, pra tudo tem solução.
Mas tem algo que pra ela é um problemão.
Ver o marido/namorado vendo futebol na televisão.
Que ódio!

Pior dia da semana é segunda.
Começa a dieta pra diminuir a cintura.
Homem não entende e diz que idéia é absurda.
Mulher se irrita, mas tem jogo de cintura.
‘Amo-ôr, eu estou gorda?’, ela pergunta.
Não importa a resposta; ele está de saia justa.
Momento crítico, ele sua e perde a postura.
Ele se cala, fica quieto e evacua.
                                               Janeiro 2011

Bolsa de mulher é um mundo só delas

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Vida de sapato

Sapato que nos agüenta,
Sapato que nos suporta.
Parece que nem se importa.
Quando é novo,
Quando é inexperiente,
Dedos doem igual dor de dente.
  Sapateia, sapateia...
  Mas por fim ele laceia,
  E aprende a servir.
É sapato ‘domado’.
Pé no sapato,
Cai como uma luva.
É parceria sem dúvida!
Quando é velho,
Quando é usado,
Dedo já está calejado.
Sapato é discreto,
Carrega sua carga e fica quieto.
Sem essa de ‘salto alto’.
Após tanto tempo de serviço,
Quando anda faz uns barulhos.
Médico de sapato é sapateiro.
Doutor troca o salto e a sola.
É a tal da ‘meia sola’.
Aí o doutor precisa usar a cola.
Isso não cheira bem!
Pedras se intrometem na parceria.
Momentos de dor.
Sapato se machuca.
O pé amigo, companheiro, se machuca.
Dificuldades no relacionamento.
É uma pedra no sapato!

Final do dia,
Após mais um dia de trabalho,
É esquecido num canto,
Ou até fora de casa.
Vontade de ser chinelo!
Uma graxa sempre vai bem.
Carinho que pouco se tem.
Lembranças do engraxate vêem.
Dia seguinte,
Mais um dia de labuta,
Mais um dia de luta,
Caminhadura.
Vida dura!
Vontade de ser pantufa!
Ele sabe que vai ser pisado.
Não tem escolha,
Tem de estar pronto e ponto!
Chega a ser desumano!
Mas sapato não é humano.
Mas é fiel,
Pronto pra aquecer,
Pronto pra proteger,
Aqueles pés que tanto te pisa.

Vida de gente,
Vida de sapato.
Consegue ver semelhanças?
Tem gente que vive igual sapato.
Tem gente que é feito de gato e sapato.
                                                   Janeiro 2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Espelhos

Espelho é frio,
Espelho é verdadeiro,
Algumas vezes é amigo,
Quase sempre é inimigo.
É mudo, bom seria se fosse cego.
Será?
Não tem sentimentos,
Mas quando lhe agredimos,
Ele revida.
Não é discreto.
Vê tudo e mostra tudo.
Por vezes é agradável.
Bocas com batons.
Rostos barbeados.
Corpos bem torneados.
Quantas vezes é desagradável.
Não nos poupa de nada.
Nos mostra envelhecendo.
Nossos brancos de cada fio,
Nossas rugas de cada dia.
Nossos prantos de cada choro.
Não tem vida própria,
É dependente de nós.
Mulheres,
Inimigas declaradas de espelhos,
Mas não vivem sem um.
Em casa ou na bolsa,
É parceiro e companheiro.
É inimigo íntimo.
Que horror!
Homens,
Usuários discretos de espelhos.
Não se importam.
Jovens,
Amigos e inimigos,
Depende do dia,
Depende do cabelo,
Depende da idade,
Depende da espinha.
Quanta dependência!
Quanta influência!
É a adolescência.
Sempre é ofendido,
Nem sempre é elogiado,
Mas é impassível.
Como será lá dentro?
Mundo paralelo.
Espelho mágico.
Lá é igual aqui,
Porém impera o silêncio.
É cópia autenticada da realidade.
Quase...
Tem sol, mas não calor.
Tem lua, mas não luar.
Tem olhar, mas não afeto.
Tem abraço, mas sem sentimento.
Tem sorriso, mas não alegria.
Tem mesa cheia, mas sem sabor.
Tem beijo, mas não amor.
Tem de tudo, mas não tem vida.
Conhece algum lar assim?

Espelhos juntos,
Um seguindo o outro,
Sem limites e sem fronteiras,
Sem racismos e preconceitos,
Mostram o infinito.
Exemplo para humanos.
Se espelhar no espelho.
Se trabalhando juntos,
Eliminando fronteiras,
Trabalho ordeiro,
Respeito mútuo,
Podemos chegar à eternidade.
Senão,
Continuaremos a quebrar espelhos,
Murro em ponta de espelho.
Destruição do mundo de lá,
Destruição do mundo de cá.
                                Janeiro 2011

sábado, 1 de janeiro de 2011

Jovem

Jovem é um ser interessante.
Cabelo esquisito.
Gírias, manias,
Palavreado diferente.
Tipo assim, entende?
Cada tipo!
Pedir dinheiro aos pais,
E ao mesmo tempo exigir independência.
Querer seguir uma tendência,
E ao mesmo tempo querer ser original.
Vontade de fazer tudo,
Ansiedade que mata qualquer um!
Preguiça pra um monte de coisas.
Dormir tarde e acordar tarde,
Ou ficar sem dormir pra viver mais.
Jogar vídeo game,
Como se fosse o jogo da vida.
Ser jovem é pensar que a vida é um jogo,
Jogo com muitas vidas e acumular pontos.
Ser jovem é manter próximos sonho e realidade.
Ser jovem é querer mudar o mundo,
Usando uma arma poderosa: um violão.
Ser jovem é montar uma banda de garagem,
E irritar a mãe e os vizinhos.
Ser jovem é ouvir pai e mãe,
Pensar que conselho aprisiona,
Pra anos mais tarde,
Aplicar a mesma ‘sentença’ aos seus filhos.
Ser jovem é andar por um caminho,
Que os ‘velhos’ já passaram,
Mas pensar que são os desbravadores.
Ser pegos pelas mesmas armadilhas,
Mas desconsiderar as dicas dos ‘velhos’.
Ser jovem é manusear aparelho eletrônico,
Como se estivesse abrindo ou fechando uma torneira.
Ser jovem é ter uma pequena espinha na cara,
E pensar que tem uma cara na espinha.
É tomar um gole de vinho,
E pensar que está ‘balão’.
Ser jovem é tomar um refri e matar a sede,
E continuar com sede de justiça.
Ser jovem é tomar chuva,
Pra não pagar mico usando guarda-chuva.
Ser jovem é cair,
Ter energia para se levantar,
Mas não esquecer do companheiro.
Ser jovem é ter força suficiente,
Pra segurar no peito um coração latente,
Batendo forte por uma paixão adolescente.
É ‘dar na louca’ e querer fugir de casa,
Mas se puder encher a mochila,
Com dinheiro do pai e a comidinha da mãe.
É querer fazer um monte de loucuras,
Mas lembrar dos conselhos dos ‘velhos’,
E achar melhor manter os pés no chão.
Ter disposição de participar de campanhas,
Seja pra asfaltar a rua,
Ou preservar as baleias.
Ser jovem é usar aparelho pra corrigir os dentes,
Ao mesmo tempo querer corrigir o mundo.
É querer usar tênis de marca,
Querer viver e deixar sua marca.
Ser jovem é usar jeans sujo e rasgado,
Mas não concordar em ver mendigos pela calçada.
Ser jovem não é ter corpos jovens ou vigorosos,
É ter mente e espírito dispostos.
Ser jovem é vontade de viver,
É viver com vontade,
E desejar que todos vivam a vontade.
                                          Janeiro 2011

"Ser jovem é usar jeans sujo e rasgado,
Mas não concordar em ver mendigos pela calçada."