segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Crianças modernas

Hoje eu vi crianças correndo,
Todas uniformizadas brincando.
Seus gritos espantavam,
Os espantalhos da vida.
Bochechas rosadas pareciam morangos,
Amarelos, negros ou brancos.
Poros expelindo suor,
Eram como vulcões ao redor.
Tudo isso é tsunami de alegria,
Turbilhões de células ofegantes para a vida.

Seus medos são engraçados,
Misturados a gritos e sorrisos,
E confiantes que a mão do pai,
E a barra da saia da mãe,
São portos seguros;
E a certeza de que eles estão,
Sempre em algum lugar,
Prontos para lhes dar proteção.

Criança tem boca e olhar sinceros.
Maldade é só o inimigo do super-herói,
Na TV pronto para lutar por nós.
Se perguntar o que é malícia,
Uma interrogação aparece e ela sorri,
E talvez diga que é igual bolo da tia,
Que é uma delícia.

É triste, mas seus olhinhos mudam,
Conforme vai mudando o canal de TV,
Ou com clicks no mouse do PC.
As criancinhas crescem,
E as saias encurtam.
Os adultos se espantam,
Os penteados dos pequenos se espetam,
E cabelos e peles se colorem.
Seus corpinhos sem curvas,
Bailam e se balançam em remelexos,
Ouvindo sons desconcertantes.
A podridão dos grandes,
Entra pelos fones,
Destruindo seus tímpanos e neurônios.
O comércio tem pressa,
E vem arfando sobre os pequenos.
O tempo é curto e ganham os adultos,
E pra chegar nos filhos é só um pulo.
Aí a ingenuidade sai de cena,
E outros tipos de diversões,
Roubam seus pequenos corações.
Bonecas, carrinhos e bolas,
Ficam esquecidos pelos cantos.
Bem cedo, os pequenos perdem seus encantos.

Seus portos seguros,
Acompanham tudo isso ser perdido.
Os pais bancam essa tendência,
E dão suas bênçãos,
E vêem seus filhos perderem a inocência.
Família abalada, a vida imita as novelas,
E o mundo desce a ladeira, rumo à sua decadência.
Aquela bela flor que havia em casa,
É desarraigada e decepada,
E dá lugar a uma planta sem flor e sem aroma.
Isso é cisterna envenenada,
Pelo próprio dono da casa.

Chamam isso de modernidade ou evolução.
Isso mais parece regressão!
Melhor seria viver no passado,
Quando crianças viviam como tais,
E a ingenuidade e pureza,
Lhes acompanhavam até à madureza.
‘Vinde a mim as criancinhas...’
Os adultos ficam na frente,
E dificultam a passagem dos inocentes.
Dê uma espiada e responda:
Boa noite!
                                    Setembro 2012

Bonecas, carrinhos e bolas,
Ficam esquecidos pelos cantos.