quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Quando éramos cinco

Eram três filhos atrás
E dois pais na frente
Na Brasília branquela
Ou no Corsa preto parecendo berinjela
Carro sempre cheio de gente
Assim foi por muito tempo
Por um bom tempo sempre foi assim

E assim também era em casa
Sempre enchia
Nunca esvaziava
Sempre tinha alguém chegando
Sempre tinha alguém saindo
O portão era educado
A campainha sempre gritava
O telefone não se tocava
E sempre nos chamava
Panelas eram tipo caldeirão
Quando quis comprar uma menor
Quase arrumei confusão
Era sempre mais água no feijão
Pois,
Pra confirmar o que estou falando
Tinha mais gente chegando

O guarda-roupa nunca dava
Espaço sempre faltava
Os cabides já não aguentavam
Nas gavetas as camisetas brigavam
As gravatas se enrolavam
Os sapatos se pisavam
As meias furavam e se confundiam
As calças trançavam as pernas
Mas as cuecas...
Ah, essas nunca se misturavam
Até peças da peça do Paulinho
Apareciam no meio desse ninho

Era um entra e sai
De gente e adolescentes
De pessoas e crianças
Com o passar dos anos
De adultos e humanos
E lá se foram as fases e frases
De filhos e crias
De Clei e Cris
Ou simplesmente
Dolfo, Teus e Tuli
Mommy and daddy

Mas a casa vai esvaziar
E já começou a anunciar
Ainda bem que é devagar
Senão o coração pode não aguentar
E pode parar de batucar
Esse é o samba da vida
Onde a gente sempre dança
Mesmo quem não sabe bailar
A vida chama pra dançar

Mas vamos em frente
Que tá chegando a hora
De chegar mais noras
A fila da família anda
Pois já chegou a Amanda
Mantenham a calma
Também chegou a Laura
E no meio do zoom
Veio a Mel do sul

Cris, abra a porta
Não pra facilitar
Nem pra dificultar
É só pra exercer a função
Sem remuneração
De cuidar das nossas heranças

Quem sair por último
Feche a porta
Mas deixe-a destrancada
Eu e a mommy
Estaremos na sala
Relembrando os fatos
Olhando as fotos
E rindo...
De quando éramos cinco
Novembro 2016



Olhando as fotos
E rindo...
De quando éramos cinco

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Rua branca de neve

Me lembro do inverno de 93
Naquela casa de esquina
Bem ali na Triangle street
Aqui dentro era quente
Lá fora era frio
A rua era branca de neve
A paisagem era de Hollywood
A casa era em Danbury
A foto era de cinema
E os sentimentos eram reais

A rua era branca de neve
Mas quem observava
Era a família Naves

Da janela da sala
Eu me escondia
E a Cris comigo observava
E o Rodolpho brincava
E o Matheus, a gente nem planejava
E aquela família falava
De casa em casa
Do outro lado da calçada

O tapete de algodão
Se estendia e cobria aquele chão
E acomodava os pés que mereciam
Aqueles que eu nem conhecia
E olha que eles nem me viam
Mas me faziam entender
O que deveria ser meu dever

Eles cuidavam de suas vidas
Ajudando outros
A saírem de suas esquinas
E eu lá dentro na minha
Enquanto tudo isso acontecia

O sol forte naquele fim de semana
Deixava a neve mais branca
O sol forte e calor ameno
Não aquecia aquele inverno
O farenheit estava negativo
Com mensagem positiva

Que frio intenso
E eu lá dentro

Gente bem vestida
Mulher de bota e vestido
Homem de terno e sobretudo
Pouco falavam, mas diziam muito
Pequenas crianças
Compartilhando esperanças                  
E eu lá dentro
Observando aquele exemplo

Nada era encenado
Mas aquele momento ficou marcado
E aqui dentro ficou guardado
Muitos anos se passaram
E aquela cena não passou

E eu lá dentro
Me protegendo
De coisas que um dia
Eu também estaria fazendo
Novembro 2016

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