quarta-feira, 18 de junho de 2014

Só risos

Pra fazer alguém rir,
Alguém tem que fazer graça.
Tem quente que paga pra achar graça,
Mas pra esquecer suas penas,
Às vezes vale a pena.
E a pessoa sai dali,
Rindo disso e daquilo.
Gargalha até da desgraça,
Em tudo acha graça,
E de tudo faz piada...
Até encharca as calças!
E quando sai dali, diz assim:
Vim, ri e esqueci!

Às vezes fica tão bem,
Que até passa mal.
Esqueça o mal,
O importante é ficar bem.

Quanto esforço,
Como um todo.
Quanta luta e labuta.
Quanta fissura,
Pra soltar algo banal,
Que deveria ser,
Normal e natural.
Um sorriso engraçado,
Bobo e gargalhado,
Infantil ou varonil,
Suado e chorado.

Que desafio tem,
A gargalhada no meio da alegria?
Mais valor tem um sorriso triste,
Do que uma tristeza sem sorriso.

Motivos pra choro,
Temos a rodo.
Gente que faz chorar,
Tem no trabalho ou no planalto,
Tem na TV, no bar,
Em todo lugar,
Infelizmente até no lar.
Então procure a alegria e o riso,
E não se esqueça disso:
Ele está dentro de você,
E ansioso pra aparecer.
Está anotado em algum ditado:
“Todo sorriso esforçado,
Será recompensado”.

Você já sorriu hoje?
Se não tiver motivo,
Ria de você,
Solte um sorriso,
E continue vivo.
                                  Junho 2014


Solte um sorriso
E continue vivo


quarta-feira, 11 de junho de 2014

A busca

Vou falar com Deus.
Não é pra agradecer pelo salário,
Afinal estou desempregado.
Nem pra pedir um trabalho,
Já que estou todo endividado.

Também não vou olhar pro alto,
Agradecer por um gol marcado,
Pelo meu time no campeonato,
E pelo choro adversário.

Ó Deus,
Não vou Lhe procurar no céu azul,
E Lhe pedir um sinal verde,
Pras minhas contas saírem do vermelho,
Só porque minhas nuvens estão cinzas,
E a situação tá preta.

Não vou chorar,
E pedir rosas sem espinhos.
Eu tenho é que rever meu plantio.

O que venho fazer não é falar,
Mas me silenciar,
Até eu ser ouvido,
E talvez ser atendido.

Paro de gargalhar,
E venho com um sorriso tímido.
Deixo minha teimosia,
Trago minha alma vazia,
E agradeço pelo meu espírito,
Todo cheio de vida...
Mas esvazio meu peito por inteiro,
Pra não me sentir no direito...

Com temor no falar,
Eu ouso me aproximar.
Procuro o Senhor lá no céu,
Mas olhando para o chão.
Venho de cabeça baixa,
Cambaleante e errante,
Todo errado e maculado,
Por um mundo imundo;
Mundo todo mundano,
Que não sabe se eu existo,
Se vivo ou sobrevivo.

Estou separado do mundo,
Neste quarto escuro,
Procurando por sua luz,
Sem lâmpada nem lamparina,
Numa madrugada fria.

Meus lábios podem ser enganosos,
Meus olhos não mentem,
Mas estão chorosos.
Por isso trago meu coração,
Em minhas mãos.
É apenas o que tenho como oferta;
Nada mais me resta.

Então confio meu coração ao Senhor,
E volto pra buscar depois.
                                    Junho 2014

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Esperança paciente

Na sala de espera de um consultório, uma senhora se orgulhava de seus longos anos de vida. Acontecimentos assim não podem passar despercebidos, pois precisamos aprender a cada dia, a cada momento. Por isso precisamos estar atentos a pessoas, esquecendo um pouco de nós e nossos problemas.
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Ali na sala de espera,
A gente tem esperança,
De ser servido e atendido.
Eu esperava e folheava,
Jornais e revistas,
E eu me entretinha e me entediava,
Com quem eu nem conhecia.
Papel com cara de gente,
Gente frágil igual papel.
Gente aprontando cada papelão!

Em consultório de doutor,
A gente fica impaciente,
Mas a gente é paciente

E o café empretejou,
E a secretária avisou,
Que o café estava pronto,
E no ponto.
O aroma de fazenda me convidou,
E eu fui e me servi,
Mas não me satisfiz.

E uma senhora idosa,
De voz fraca e poderosa,
Se orgulhava de suas lutas.
Eram oitenta e tantas rugas,
Sem vigor da infância,
Mas ela dizia que fazia e acontecia.
Ela olhava sem óculos,
E andava com suas pernas.

Como viver com pouca energia?
Ela vivia um dia a cada dia.
Assim não precisava de dicas,
Nem magia nem simpatia.
Era só viver a vida,
Sem segredos e amuletos,
Deitando e acordando cedo,
Com coragem e sem medo.

Eu lhe prestei reverência,
E lhe preparei um café,
Enquanto ouvia sua fé.
Pus açúcar pra alguém tão doce,
E misturei o doce no amargo,
O antigo e o novo,
O escuro e o claro.
Tudo isso num copo de plástico.

Ali fui beneficiado,
Com um aprendizado,
E ainda fui agraciado,
Com um doce obrigado.
Parecia que ela bebia,
Um elixir da vida.
Mas era só um café quente,
De quem se sentia morno.

Eu estava ali pra ser atendido,
Mas prestei um serviço,
E me senti servido...
E me senti vivo.
                                             Junho 2014


segunda-feira, 2 de junho de 2014

Flertando com o tempo

Quem tem tempo?
Ninguém tem tempo.
O que temos é o presente,
Que não dura muito tempo.
O futuro não se lembra de ontem,
O presente não sabe do amanhã,
E eu fico com o meu momento...
Mas tem que ser pra agora!

O tempo flerta com os anos,
E os dois fazem juras,
E fazem pacto comigo,
E contra mim.
É um plano perfeito,
É um crime bem direito.
Nessas lutas e agruras,
Sou premiado com algumas rugas.
Isso é de perder os cabelos!

Não tempos tempo,
E falamos o tempo todo,
Que corremos contra o tempo,
E que perdemos tempo.
Que contra senso!

Não tempos tempo,
Porque tempo é dinheiro.
Isto é errado e não é direito.
O dinheiro tem seu valor,
E o tempo vale vidas.

Mama mia!
Vou dar um tempo,
Senão o tempo,
Pode fechar pro meu lado!

E o meu relógio me apronta,
E me aponta dedos e ponteiros.
Em minha maratona,
Vou correr contra o tempo.
Será que chego a tempo?
                                             Junho 2014

Em minha maratona,
Vou correr contra o tempo.