quinta-feira, 22 de novembro de 2012

3 naves

Eles não são tripla sertaneja,
Nem são trio caipira.
Não usam chapéu de couro,
E não fazem repente com o povo.
Mas às vezes batem o pé,
E levantam poeira,
Dançam forró e até vaneira.

Um nasceu lá longe,
Os outros nasceram por aqui.
Todos eles têm um só sangue,
Que corre, corre igual Formula1.
Parece racha ilegal,
Queimando borracha e avançando sinal,
Na Marginal ou na Radial.
Voam iguais naves no espaço sideral.

Todo dia o SENAI abre os portões,
E os recebe de portas abertas.
A Miriam está lá,
E já a ouvi falar:
Esses são uns meninos,
Que dá gosto ter por aqui.

Por onde andam deixam marcas,
E são marcas boas de deixar.
É possível ver pelo chão,
Respeito e amor cristão,
Obediência às autoridades,
Rastros de responsabilidade,
Fragrância de juventude,
Firmeza nas atitudes,
Inteligência direcionada,
E postura disciplinada.
Tudo isso e muito mais,
São rastros e indícios,
Deixados pelos meus filhos,
Que estiveram por aqui,
E estão sempre por aí.
É caminho,
Que qualquer um pode seguir;
Impossível de se desiludir.
Mas lá na frente, bem à frente,
É o Pai quem toma a frente,
E o trio segue obediente.

Eu sei, são jovens e dão dor de cabeça,
Mas basta um ‘comprimido’ e logo passa.
Infelizmente uns adolescentes,
Causam muitas dores e pesares.
A mãe emagrece e o pai perde os cabelos.
Eles tentam de tudo e mais um pouco,
Suas energias e recursos mínguam,
E se esvaem igual água pelo esgoto.

Meu peito parece de pombo,
De tanto orgulho que demonstro.
Todos os lugares que eles vão,
SENAI, colégio ou Salão,
Sempre deixam boa reputação.
Reputação não se negocia,
É coisa com que se vive,
E que se leva pela vida.
Reputação é cartão de visita,
Mas às vezes é porta de saída.
Aí é visita mal vinda.
                                              Novembro 2012



terça-feira, 20 de novembro de 2012

Janelas e venezianas


A janela tem cortinas,
De rendinhas ou babados,
De florzinhas e bordados.
São delicadas e transparentes,
Ou sisudas de blackout.
Janela tem um pouco de mistério,
Ela se cuida de qualquer vitupério,
E deixo só um pouquinho à mostra.
Essas são bonitas e charmosas.
Mais do que aquelas todas expostas.
As vidraças limpas e transparentes,
Deixam tudo claro e evidente,
Ou não, é só pra enganar a gente,
Que toda janela é frágil e dependente.

A noite desce,
E toda boa janela sabe,
Do poder sedutor do luar.
Mas suas venezianas se fecham,
Se armam e guardam,
Suas fragilidades e intimidades.
As janelas não se abrem a todos,
Ou para qualquer um.
Lá dentro elas têm seus conceitos,
Seus valores e preceitos,
E protegem seus segredos.

Ao amanhecer,
Vem o frescor do orvalho,
E pardais ou canários,
Pousam e fazem cantos diários.
Eles insistem e as venezianas,
Acordam para mais uma manhã.
As janelas permitem,
E o frescor dos raios de sol,
Aquecem o seu interior.

Janelas são exemplos pra humanos,
Moças, mulheres e marmanjos.
As janelas dos outros,
São frágeis, sujas ou quebradiças,
São velhas e descascadas,
Escancaradas ou muito fechadas.
O melhor é que cada um,
Cuide de sua própria janela:
À noite pode invadir um gatuno,
E de dia pode entrar todo mundo.
Janela é de vidro e não de ferro!
E enquanto isso, os ventos uivam,
E as venezianas se irritam,
E se batem pra lá e pra cá.
As dobradiças reclamam,
Mas seu dono as ignora.
E por detrás das cortinas,
Ele fica de manhã até à noitinha,
A observar as janelas vizinhas.
                                                     Novembro 2012




sábado, 10 de novembro de 2012

Germany: past and present always present

The night has fallen,
Heavier than we have ever seen,
And a wall has risen.
They divided Berlin,
And hearts as well.
There were pieces on one side,
And the rest was on other.
There were bricks, one above the other,
All coated with plaster,
And a wall as a whole,
Had divided lives and families,
As a piece of cake.
What a taste of fake!
I visited Berlin, but the wall fell down.
There were scars on the ground,
And deep in the heart as well.
Two blocks much heavier,
Than bricks lined.

And the flakes fell down the ground,
And prepared surprises,
For the next season.
The ground had cloud color,
And we feel like stepping in the sky.
The landscape showed the white,
But I saw a smile colored with gray;
It came from far away,
It was on the Bosnian face.

The cold freezes the lake,
But right there down deep,
And up here,
The life goes on as everything.

Germany is thus,
But is not enough,
And it is not at all;
I went down,
And I went to the south.
There was sun,
And there I was, in Stuttgart.
Tulips and strawberries,
Had adorned my walk.
But it was time to welcome the Eurocup.
Lacked chairs for many Eurofans.
Mugs and more mugs of beer,
Overspread all over the tables.
But the year not belonged to the house,
And those eleven men have not lifted the crown.
And I’ve drank my last beer,
And I went back home.
I left a place,
That for a few days,
It was also my home.

Germany is thus,
It is not just wear typical clothes,
Or drink beer in the mug.
Must go there and be there,
Walk and step that land.
And see two worlds,
The old and the new one,
Walking together as one.
Germany is a world patrimony,
Germany is pure human history.
Germany is a land with past mistakes,
With hits in the present,
And hand in hand, future and present,
Mixing constantly.
Germany is like child’s heart,
It is quite small and tight,
But right there inside,
Fits a whole world and all kinds of lives.
And the more people, the better… it’s not lie!
                             November 2012

Alemanha: passado e presente sempre presente

A madrugada caiu,
Mais pesada do que já se viu,
E um muro se ergueu.
Dividiram Berlin,
E corações afins.
Pedaços ficavam de um lado,
O resto ficava do outro.
Eram tijolos um em cima do outro,
Tudo revestido com reboco,
E um muro como um todo,
Dividiu vidas e famílias,
Como um pedaço de bolo.
Eu visitei Berlim, mas o muro caiu.
Ficaram cicatrizes no chão,
E marcas profundas no coração.
Dois blocos mais pesados,
Do que tijolos enfileirados.
                                                                      
E flocos caiam ao chão,
E preparavam surpresas,
Para a próxima estação.
O chão ficava com cor de nuvem,
E nos sentimos no céu.
A paisagem mostrava tudo branco,
Mas eu vi um sorriso franco;
Vinha de longe,
Vinha da Bósnia distante.

O frio congelava o lago,
Mas lá no fundo,
E aqui em cima,
A vida continuava com tudo.

A Alemanha é assim,
Mas não é tudo,
E desci e fui ao sul.
Lá tinha sol, mas não tinha praia,
E fui pra lá, em Stuttgart.
Tulipas e morangos,
Enfeitavam meu caminhar.
Mas era hora de saudar a Eurocopa.
Faltaram cadeiras em toda Europa,
Canecas e canecas de cervejas,
Se espalhavam pelas mesas.
Mas o ano não era da casa,
E a seleção não levantou o caneco e a taça.
Eu bebi e tomei o último chope,
E voltei pra casa.
Deixei um lugar,
Que por alguns dias,
Também foi a minha casa.

Para sentir a Alemanha,
Não basta vestir roupa típica,
Ou beber cerveja na caneca ou na tulipa.
Tem de ir lá e estar lá,
Andar e pisar na terra.
Ver dois mundos,
O velho e o novo,
Caminhando juntos.
Alemanha é patrimônio da humanidade,
Alemanha é pura historia da humanidade.
Alemanha é terra com erros no passado,
Com acertos no presente,
E de mãos dadas, futuro e presente,
Se misturando constantemente.
Alemanha é igual coração de criança,
É bem apertado e pequeno,
Mas ali dentro,
Cabe um mundo inteiro...
E quanto mais gente, melhor!
                               Novembro 2012