sábado, 11 de julho de 2015

1Hum a se7te

Número se7te
Não tem nada de mágico
Às vezes é meio palhaço
Mas também pode ser trágico
E tem sido nostálgico

Às vezes se7te é uma bola
Mas é bola de caçapa
Que sinuca!
Bola na rede que é bom
Nunca

Quem não se lembra dos se7te anões?
Um deles era bem zangado
Um outro era meio dunga
Mas taça que é bom
Nunca

Às vezes bola vira bolada
Bolada pra mais de se7te dígitos
E uns se sentem mito$
E outros poucos neymar nem menos

E a gente sua e continua
Tomando bolada na fuça
E se7te estrelinhas arriba
Rodopiam e nos deixa meio zuñiga
 
Não dá nem pra conseguir uma contusão
Ou arrumar uma expulsão
Todo dia temos que bater o cartão
E encarar o patrão
Mesmo que ele seja feio igual ao Felipãp
Ou mais bravo do que um alemão

Pra eles foi se7te a um
Com a gente
É 1Hum a sete
Nós somos só 1Hum* pra vencer a demanda:
Os se7te dias da semana
Que seja no Brasil, China ou Alemanha
* Somos um no mundo com “H” maiúsculo

Julho é mês se7te
E depois de um ano passado
Todos nos lembramos do mineiraço
Eu digo e não tem jeito:
Chucrute com pão de queijo
É bom pra memória o ano inteiro
                                                 Julho 2015




quarta-feira, 8 de julho de 2015

O astronauta que tinha medo de escuro

O kamikaze
Que tinha medo de altura
E nunca tentava de novo nem voltava à luta
O desempregado
Que tinha medo de jornal
Lia os classificados e passava mal
O torcedor
Que tinha medo de alemão
E não foi ver a seleção
O político
Que não suportava moedas miúdas
E preferia as notas graúdas
O arroz e feijão
Que tinham alergia a pobre
E preferiram a panela do nobre
O sol
Que tinha medo de escuro
Dava 6:30 e já terminava seu turno
O botão
Que tinha medo da vida solitária
E não ficava sozinho em casa
O tijolo
Que se sentia um tolo
E cansou de ficar em cima do muro o tempo todo
O muro
Que tá meio caído e não quer mais separar o mundo
E não sobrou tijolo sobre tijolo
(Tem gente que o procura, pois estão preocupados
Querem separar suas cidades e estados)
O café
Que era antissocial
E não se misturava com leite nem com sal
O relógio
Que tinha medo de andar pra frente
E olhava pra traz pra ver se tinha gente
O bueiro
Que fez redução de estômago
Pois passava mal com o lixo que lhe jogamos
A panela de feijão
Que pediu demissão
Pois não aguentava mais pressão
A pizza
Que tinha medo do forno
Porque tudo acabava nela e no bolso dos outros
O sapato
Que viviam pegando em seu pé
Ficou com medo e queria ser chinelo
Pra acabar com seu chulé
O palhaço
Que cansou de fazer graça
Largou o riso e foi usar terno e gravata
O bacio
Que não suportava mais viver na sujeira
Queria ser pano de prato, mas não conseguia
O telefone
Que cansou de saber da vida alheia
E perdeu a linha e as boas maneiras
A lama
Que vivia um drama
Mudou de vida pra melhorar sua fama
O azar
Que se achava sem sorte
E foi viver ao acaso
Porque era mais sensato
O radio relógio
Que entrou em crise de existência
Perdia a hora todo dia nem dava mais notícia

Minha caneta
Que depois de tudo isso
Tá desanimada com a tinta
Mas vai continuar com a escrita
Apesar de ter os pés na terra

O astronauta
Que tinha medo de escuro
E não queríamos mais voltar pro mundo
Julho 2015

... e não queríamos mais voltar pro mundo

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Casa da máquina

Quando a engrenagem para
Os ponteiros fazem atrasar
E seu trabalho não adianta
O mecanismo se corrói
A ferrugem lhe destrói
E nada mais funciona
A oficina fecha as portas
E para a produção
Vira casa sem cadeado
Piso escorregadio pra quiabo!

Quando a engrenagem emperra
Ninguém mais bota fé
E o dono da casa só se ferra

Polias e roldanas
Entram em parafuso
E fazem de tudo
Por um copo de óleo
Ou uma colher de graxa
Pelo menos umas pilhas
Pra animar as energias

Quando a engrenagem não funciona
O mecânico sempre tá de folga
E o engenheiro não se importa
Isso só complica a vida
Ou é pressão minha?
Eu é que tenho que me virar nos 30
Antes de acabar a tinta
Antes q seja escrita minha última linha

Quando a engrenagem para
Tá na cara
Há algo de ruim na casa da máquina

Tenho uma dica
Talvez seja até dolorida
Sacode a massa cinza
E dê a volta por cima
Julho 2015