segunda-feira, 22 de maio de 2017

Rotina de motorista

Depois de um longo inverno desempregado, surgiu a Uber e foi uma nova experiência profissional.
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Arrumei um trabalho
Consegui uma atividade
Batalhei um serviço
Abençoado com um ganha-pão
Ganhando a vida
Levando gente pra baixo pra cima

Tudo o que eu vejo
É passageiro
Definitivo é só o dinheiro
Que diz que vem mas não veio

Ora asfalto
Ora rua de barro
Suportam o peso do meu carro
E vou rodando e dançando
Conforme a música tocando

Bato borracha
Pelo dia adentro
Pela noite afora
De dia digo boa noite
De noite digo bom dia
A gente pode se perder nos horários
Mas não pode errar os itinerários

Meu carro também sente
É gente igual a gente
É um cara de lata
É um pé de borracha
Mas apelo pela sua boa praça:
Não bata pra entrar
E saia sem bater

Tem lugar com cara de fim de mundo
Jeitão de submundo
Iluminado ou tudo escuro
Colorido ou sisudo
Morro, barranco
Enlameado ou alameda
Matagal e coisa e tal
E agora José?
Encaro e engato a primeira
Ou saio dali de segunda?
A razão diz num ouvido:
Não  vai e volta, pois é fria
Na outra orelha
A emoção cheia de razão:
Avisa que a conta chegou sem avisar
Que a luz secou
Que a água findou
Que a geladeira esquentou
Que a mamadeira esvaziou
A decisão é sua
É sua a indecisão
Eu sei o que fazer:                                
Depende da cor da minha conta
Depende da cor de minhas calças

Se perguntar onde tem
Gasolina aguada
Ducha barata
Café e etanol
Eita nóis!
Dou endereço de tudo
Conheço essa cidade
De cor e salteado
Com os olhos fechados
Com o GPS ligado

Por falar em histeria
O aplicativo me grita
E eu já vou indo
Muita coisa não se aplica
Mas se explica
Por isso sai da frente
Que atrás vem trânsito
Maio 2017

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