terça-feira, 1 de março de 2011

AD 1000R

Você ainda tem calos nas mãos?
O coturno ainda machuca seus pés?
Lembro da vela lustrando as botas,
E do algodão na cara.
Na cabeça o bibico cor de abacate,
Deu lugar à boina preta.
Diga quantas caixas de isopor lhe quebraram,
E direi que tipo de homem tu és.
Centro social ainda causa pesadelos.
Jasmins no jardim trazem boas lembranças.

A empresa era multi, mas era de vidro.
Como tal se quebrou.
Quem lá trabalhava se espalhou,
E chorou.
E foi na ponta da ponta da praia,
Onde vi um homem surgir.
Era digno e orgulho de muitos.
Tua mãe e teu pai até prantearam.
Aí passou a defender estranhos.
Bravura que pouco se conhecia.
Cuidado com suas balas para não usá-las.
Não era pires do rio,
Mas era pires ao sol,
Com balas aquecidas,
Com balas virgens.
Sem essa de balas perdidas!
Bravura inocente.
Bravura sem derramar sangue.
Nem o fogo era páreo.
Você gostava das ruas e becos,
O front de batalha era o seu lugar.
Carimbar papéis nem tanto.
BOPE nem existia.
Sem ibope você já existia.
O Tatuapé te agradecia.
O Morumbi já te conhecia.
Carandiru se rebelava e te recebia.
Que choque!
Outrora Ponte Pequena,
Agora Armênia.
E ali estava aquele panelão.
Alguns tijolos têm suas digitais.
Naquele meio estava você,
Em meio a cruzeiro do sul.
Ah, se teus fuscas falassem!
                                  Março 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário