segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Feliz nada novo

Pessoas paradas e vidradas.
Olhos parados olhando a virada.
Clarões e explosões,
Clareiam a escuridão,
Sobre a multidão.
Alinhadas e enfileiradas,
Em pé ou sentadas,
Confortadas ou acotoveladas.
Não se importam e ficam ali;
Estar ali é o que importa.
Ao vivo ou pela TV,
O que todos querem é ver,
Algo que lhes dê um sentido de viver.

Muitos vestidos de branco,
E seus olhos externam seu encanto.
Esperam que as explosões,
Junto com os clarões,
Deixem o velho ano,
E seus enganos,
Para o passado distante,
Em apenas um instante.
Isso é o desejo da multidão,
Com garrafas e copos na mão.
Passada aquela festividade,
Todos voltam à realidade.
Dia seguinte começa tudo de novo,
Na verdade é um dia igual a outro,
E chamam isso de ano novo.
As alegrias e tristezas,
As certezas e fraquezas,
Apenas continuam avante.
Umas irrelevantes,
Outras mais fortes que antes.
Daquele fogaréu no céu,
Daquela noite notória,
Vai ficar apenas imagens na memória,
Misturadas com vodka.
Mesmo o cheiro da pólvora,
Que contamina toda aquela massa,
Vai evaporar como um fogo de palha.
Alguns olhares ferverão em brasa.
Mas depois vem a calmaria,
E a agitação de mais um dia.
Garrafas e vidas vazias,
Ficam jogadas e evasivas,
Quebradas e indecisas.
Sentimentos igual papel,
Ficam amassados e rasgados ao léu.
Todos fragilizados,
Precisamos mais do que fogaréu,
E bombardeios lá no céu.
É champanhe com gosto de fel!
Já é hora de deixar cair o véu!

Infelizmente, novamente,
Agarram-se em algo velho,
Que chamam de ano novo.
Feliz nada novo,
De novo,...
Igual ao de ontem.
                                           Janeiro 2012


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