sábado, 4 de agosto de 2012

Se virando nos 50

Estou virando nos 48,
E os pneus não mais derrapam.
Antes eu ia até a borda,
A pista avisava e reclamava.
No retrovisor eu via,
A poeira que subia.
E o meu asfalto da vida,
Era só subida ou descida.
Eu pisava e ia mais rápido,
Eu tinha pressa e o motor era ágil.

Agora eu paro no meio fio,
E contemplo acontecimentos,
E me lembro de tempos passados.
Nessas avenidas, vividas,
Conheço as calçadas e esquinas.
E quando passo por elas,
De novo e novamente,
Sempre tem surpresas pra gente.

Em muitas ruas passei mais de uma vez.
E conheço o terreno de cor, talvez.
Sempre há velharias e novidades,
São canteiros, bueiros e buracos.
Tome cuidado!
Água e gelo na pista,
Deixavam a rua escorregadia.
O volante girava e rodava,
Os pneus gritavam e se esborrachavam,
E lá na frente o asfalto secava,
Ou a terra se empoeirava.

Os meus 50 estão bem perto.
Cheguei na metade de alguma coisa,
Ou essa ‘alguma coisa’ já é o inteiro?
Neste longo caminho caminhado,
Muitas vezes me senti aos pedaços,
Andando aos flancos e barracos.
Espelhos quebrados aos cacos,
Mesmo despedaçados,
Mostravam minha cara inteira.
A lição era verdadeira:
Inteiro ou quebrado,
Muita gente olha pra mim,
Querendo e precisando algo de mim.

Esse sou eu com 30, 40 ou 50;
Agora dirijo nos 50 ou 40;
Assim vou tentar chegar aos 70.
Infelizmente tem gente com seus 20,
Teimando em andar e viver em 120,
Insistindo em não ouvir alguém de 50.
Ô vontade de ser velozes e furiosos,
Com sonhos duvidosos!
Que eles não fiquem aos pedaços,
Antes da sabedoria chegar...
Se ela chegar.
                                  Agosto 2012


Um comentário:

  1. E aí, Clei. Com quantos anos cê tá afinal?

    A propósito, essa cachorro continua fazendo bagunça na tela. Será que daqui a pouco ele vai fazer cocô?

    Abraços,
    Antonio Luiz.

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