sábado, 1 de novembro de 2014

Água nos olhos

Pra todo olho que olho vejo água
Águas salgadas pelas praias
Águas adoçadas nas cachaçarias
Águas entornadas nas cantinas
Águas amargas pela vida

Às vezes eu falo disso e daquilo
Talvez certos assuntos esquisitos
Então alguns me replicam:
Isso é coisa da sua cabeça!
E quando digo que vejo água
Aqui e acolá pelos polos
Novamente me corrigem:
Isso é coisa de seus olhos!
Então seco os olhos
Baixo a cabeça e concordo
Água nos olhos
Quero ver o que você vê...

Dizem que homem não chora
Mas homem que é humano chora
Chora aparecido ou escondido
E às vezes chora igual menino
Quem for homem crescido
Diga que estou mentindo

Haja fronhas e guardanapos
Todos encharcados
De gosto salgado
O sol vai suar pra secar
Tantos prantos nos panos
De gente aos trapos e farrapos

Mas depois de secos
Os olhos maquiados
Outrora marejados
De cara limpa vão pra vida
Nunca prontos pra chorar ou pra sorrir
De novo e novamente
Mas que venha o que for
Pra causar sorriso ou dor

Os olhos sorriem e a boca agradece
O peito se enche contente
E o coração se bate todo alegre

Nenhum olho é de ferro nem de aço
Então guarde um guardanapo
Num bolso que não esteja furado
                                                       Novembro 2014

Água nos olhos
Quero ver o que você vê...

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