quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Espelhos

Espelho é frio,
Espelho é verdadeiro,
Algumas vezes é amigo,
Quase sempre é inimigo.
É mudo, bom seria se fosse cego.
Será?
Não tem sentimentos,
Mas quando lhe agredimos,
Ele revida.
Não é discreto.
Vê tudo e mostra tudo.
Por vezes é agradável.
Bocas com batons.
Rostos barbeados.
Corpos bem torneados.
Quantas vezes é desagradável.
Não nos poupa de nada.
Nos mostra envelhecendo.
Nossos brancos de cada fio,
Nossas rugas de cada dia.
Nossos prantos de cada choro.
Não tem vida própria,
É dependente de nós.
Mulheres,
Inimigas declaradas de espelhos,
Mas não vivem sem um.
Em casa ou na bolsa,
É parceiro e companheiro.
É inimigo íntimo.
Que horror!
Homens,
Usuários discretos de espelhos.
Não se importam.
Jovens,
Amigos e inimigos,
Depende do dia,
Depende do cabelo,
Depende da idade,
Depende da espinha.
Quanta dependência!
Quanta influência!
É a adolescência.
Sempre é ofendido,
Nem sempre é elogiado,
Mas é impassível.
Como será lá dentro?
Mundo paralelo.
Espelho mágico.
Lá é igual aqui,
Porém impera o silêncio.
É cópia autenticada da realidade.
Quase...
Tem sol, mas não calor.
Tem lua, mas não luar.
Tem olhar, mas não afeto.
Tem abraço, mas sem sentimento.
Tem sorriso, mas não alegria.
Tem mesa cheia, mas sem sabor.
Tem beijo, mas não amor.
Tem de tudo, mas não tem vida.
Conhece algum lar assim?

Espelhos juntos,
Um seguindo o outro,
Sem limites e sem fronteiras,
Sem racismos e preconceitos,
Mostram o infinito.
Exemplo para humanos.
Se espelhar no espelho.
Se trabalhando juntos,
Eliminando fronteiras,
Trabalho ordeiro,
Respeito mútuo,
Podemos chegar à eternidade.
Senão,
Continuaremos a quebrar espelhos,
Murro em ponta de espelho.
Destruição do mundo de lá,
Destruição do mundo de cá.
                                Janeiro 2011

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